Sirenes soaram no centro de Israel três vezes ao longo do dia de segunda-feira por ataques de mísseis, foguetes e drones pelo Hamas, Hezbollah e os houthis em meio ao violento conflito regional. O ataque com mísseis houthi levou o Aeroporto Ben Gurion de Tel Aviv a suspender temporariamente todas as decolagens e pousos como medida de precaução.
O porta-voz militar do movimento iemenita, Yahya Saree, disse que o ataque com mísseis era parte das operações em andamento da milícia em apoio à resistência palestina e libanesa, e disse que o ataque "bem-sucedido" teve como alvo dois locais militares na área de Tel Aviv, e envolveu os mísseis Palestine 2 e Zulfiqar.
Separadamente, na segunda-feira, a milícia lançou drones Jaffa e Samad 4 em direção a alvos em Tel Aviv e Eilat.
O Exército israelense confirmou que um míssil superfície-superfície lançado do Iêmen foi detectado, e que foi interceptado e destruído com sucesso antes de chegar a Israel usando o sistema de defesa de mísseis Flecha (Arrow). A mídia israelense disse que um incêndio irrompeu em Beit Shemesh, centro de Israel, supostamente causado por fragmentos de um interceptador disparado para atingir o projétil houthi que se aproximava. Autoridades e a mídia israelenses não mencionaram o destino do segundo míssil que os houthis disseram ter disparado.
A mídia regional relatou que o ataque de segunda-feira foi a primeira vez que os houthis dispararam o Zulfiqar — também escrito Zulfakar, em homenagem à espada mítica de Ali ibn Abi Talib, o primeiro imã xiita — contra Israel, tendo anteriormente implantado o míssil contra as forças do Golfo apoiadas pelos EUA contra eles na guerra civil do Iêmen em 2021 e 2022. No entanto, de acordo com a missão na ONU de Israel, os houthis começaram a disparar Zulfiqars contra Israel já em 31 de outubro de 2023.
O que sabemos sobre o Zulfiqar?
O Zulfiqar é um míssil balístico de médio alcance com combustível líquido e com um alcance relatado de mais de 2.000 km. Uma fonte militar disse ao canal de notícias Al Mayadeen do Líbano nesta terça-feira (8) que o míssil pode manobrar e tem a capacidade de escapar das defesas antiaéreas inimigas e sistemas de detecção baseados em satélites.
O Zulfiqar houthi não deve ser confundido com o Zolfaghar iraniano — um míssil balístico de curto alcance, de estágio único, de combustível sólido, móvel em estrada e derivado do míssil da série Fateh-110, que tem um alcance relatado de 700 km.
De acordo com a fonte de Al Mayadeen, o Zulfiqar é "feito no Iêmen". Os observadores de defesa estão divididos sobre a tecnologia por trás do Zulfiqar, com alguns sugerindo que o Zulfiqar pode ser apenas outro nome para o míssil balístico de combustível líquido Burkan-3 (Vulcão-3) dos houthis — supostamente baseado no míssil iraniano Qiam — embora o Burkan-3 tenha um alcance relatado de apenas 1.200 km, e o Qiam de 700-800 km.
Outros observadores acham que o Zulfiqar pode ser uma profunda modernização da série soviética de mísseis Scud, já que a URSS deve ter entregue essas armas ao Iêmen em grandes números durante a Guerra Fria, e os houthis teriam apreendido estoques de Scud-Bs quando chegaram ao poder em uma revolução popular em 2014.
As capacidades cada vez mais avançadas dos houthis provaram ser uma dor de cabeça inesperada para as defesas israelenses ao longo do flanco sul, com um número crescente de projéteis da milícia provando ser capazes de penetrar o muito elogiado sistema de defesa antiaérea e antimísseis de vários bilhões de dólares de Israel. Em julho, um grande drone houthi, estilo avião, voou pelo centro de Tel Aviv, batendo em um prédio a 100 metros de uma filial da Embaixada dos EUA na cidade.
Em setembro, um míssil hipersônico houthi Palestine-2 caiu no centro de Israel. A milícia diz que a arma tem um alcance de 2.150 km, é alimentada por combustível sólido, equipada com tecnologia furtiva e pode voar a velocidades de até Mach 16 — mais de 19.000 km/h.