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Apagões de até 10 horas no Equador impactam indústrias e podem causar desemprego, diz especialista

A crise energética que afeta o Equador levou o governo a implementar apagões de até dez horas diárias em fábricas e comércios. À Sputnik, nesta quinta-feira (9), o economista José Orellana alertou que a situação afeta indústrias-chave e terá impacto no aumento do desemprego.
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Embora os apagões em massa, planejados e inesperados, estejam afetando o Equador há meses, devido à falta de chuvas, as interrupções no fornecimento de energia elétrica já estão impactando significativamente a economia e até provocando mudanças substanciais no mercado de trabalho.
A situação atingiu seu ponto mais crítico nos primeiros dias de outubro, quando o Centro Nacional de Energia (Cenace), órgão regulador do mercado elétrico equatoriano, anunciou que os apagões programados não apenas afetariam setores residenciais, mas também empresas e indústrias.
O órgão informou às empresas que aplicaria cortes de até 10 horas por dia entre 08h00 e 18h00 por um prazo de 15 dias em várias cidades do país.
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Os anúncios alarmaram os empresários, que, por meio do Comitê Empresarial Equatoriano (CEE), exigiram um espaço de diálogo com o governo. Após as primeiras reuniões, a partir de 7 de outubro, o governo equatoriano se comprometeu a revisar a medida com a intenção de mitigar os impactos.
Mais de 200 fábricas em parques industriais de Cuenca e Ambato sofreram os cortes de energia durante o primeiro fim de semana de outubro. Segundo estimativas do CEE, os apagões industriais custam ao Equador cerca de US$ 12 milhões (R$ 60 milhões).
Em entrevista à Sputnik, o economista equatoriano José Orellana afirmou que a crise energética se soma a outros problemas importantes do país que já estavam afetando a economia equatoriana, como os altos índices de criminalidade e violência, além do aumento da inadimplência tanto em créditos bancários quanto em cooperativas de poupança e crédito.
Um coquetel que, segundo o especialista, fará com que a economia equatoriana termine o ano com crescimento negativo de 0,3% a 1% do produto interno bruto (PIB).
Ele explicou que os apagões geram problemas imediatos em indústrias e comércios, como a "perda da cadeia de frio", um fator crucial para a produção e rastreabilidade de produtos estratégicos como peixe e camarão, essenciais para as exportações do país.
Orellana destacou que os apagões de dez horas também impedem o funcionamento normal em atividades como fabricação de pneus ou metalúrgicas, onde são necessários longos processos de aquecimento que não podem ser interrompidos ou divididos em turnos.
"Há várias empresas que, desde que começaram os cortes, modificaram seus horários, mas nem todas podem fazê-lo, porque no Equador há um adicional de 25% nos salários dos trabalhadores que atuam à noite", explicou o economista.
Orellana acrescentou que o funcionamento noturno também traz outros desafios para as empresas e trabalhadores, como a necessidade de implementar novas medidas contra a criminalidade. Além disso, ele lembrou que "há consumos que ocorrem em horários específicos: abrir um restaurante à noite não significa que as pessoas irão", comentou.
Nesse sentido, ele mencionou que muitos pequenos restaurantes se viram obrigados a reduzir suas atividades ou o número de funcionários, algo semelhante ao que aconteceu com o setor gastronômico durante a pandemia de COVID-19.

Crise que se traduz em demissões

Por tudo isso, Orellana prevê que a crise energética provoque um aumento no desemprego, que em agosto já havia alcançado 4%, 0,5% a mais do que no mesmo mês de 2023.
O economista explicou que esse dado ainda não reflete o efeito da crise energética, mas garantiu que "já se nota" um impacto negativo no mercado de trabalho.
De qualquer forma, meios de comunicação equatorianos já relatam casos específicos de empresas que atribuem à crise energética as demissões de funcionários. De acordo com o meio Extra, a empresa metalúrgica Metaltronic, por exemplo, anunciou a demissão de 100 de seus 260 trabalhadores como consequência dos apagões.
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