"Esta reunião do BRICS é uma reunião que é revestida de um marco muito importante. É a primeira reunião que contempla o BRICS ampliado, agora com dez países", afirmou Gadelha. Para ele, essa ampliação reforça o compromisso do Brasil, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra Nísia Trindade Lima, em consolidar a saúde global como prioridade central.
O evento também foi marcado pelo lançamento da primeira revista científica do bloco, chamada BRICS Health Journal, na qual o Brasil foi responsável por assinar o artigo inaugural.
"Nós pudemos apresentar o primeiro artigo. O primeiro artigo […] que abre a revista é uma contribuição do Brasil", explicou o secretário, frisando a importância de entender a saúde como um vetor de desenvolvimento.
Saúde no BRICS: desafios e oportunidades
À Sputnik, Gadelha ainda ressaltou os desafios e as oportunidades de cooperação no combate a doenças, como a tuberculose e a resistência antimicrobiana — problemas que afetam milhões de pessoas anualmente.
"A gente sabe que o uso desmedido na saúde humana e animal de antibióticos está levando a um problema seríssimo, com mais de 5 milhões de mortes por ano no caso de pessoas onde o antibiótico e onde os antimicrobianos deixam de fazer efeito", pontuou.
Além das doenças, o secretário enfatizou a necessidade de um sistema global de vigilância epidemiológica mais robusto, para prevenir futuras pandemias e emergências sanitárias. "A pandemia mostrou, de modo muito perverso, que quem não tem tecnologia e inovação não cuida de sua gente, não cuida do planeta", alertou.
Ele sugeriu que, por meio da cooperação no BRICS, é possível reduzir a dependência tecnológica dos países em desenvolvimento, promovendo mais autonomia e acesso a bens essenciais, como vacinas e medicamentos.
O secretário também mencionou a visão de sustentabilidade, reforçando que a inovação deve estar a serviço da qualidade de vida das pessoas e da preservação ambiental.
"Saúde é bem-estar social, saúde é desenvolvimento econômico e saúde é desenvolvimento sustentável", afirmou, defendendo que a agenda de saúde do BRICS deve estar alinhada a esses princípios.
Segundo Gadelha, o Brasil traz ao BRICS uma proposta de desenvolvimento econômico que se integra à sustentabilidade ambiental e ao bem-estar social. Ainda, afirmou que a saúde é, além de tudo, uma "agenda de solidariedade internacional", citando o apoio humanitário que o Brasil oferece a países em crise, como Gaza e o Líbano.
Carlos Gadelha sintetizou a visão do Brasil para a cooperação internacional no setor da saúde: "Saúde é desenvolvimento, saúde é bem-estar, saúde é crescimento econômico, saúde é sustentabilidade ambiental e, principalmente, saúde, produção e inovação só se justificam se for para cuidar de você, para cuidar das pessoas".