"Eu vejo mais como uma tentativa de estabelecer esse lawfare, que é sempre uma guerra judicial, mas essa guerra judicial tem dimensões econômicas, políticas e ideológicas. No caso do Brasil, o país deve se comportar à altura da sua soberania, ou seja, deve continuar mantendo as relações com a Suécia", diz Eurico de Lima Figueiredo, professor e fundador do Instituto de Estudos Estratégicos (Inest), da Universidade Federal Fluminense (UFF).
"A ação do Departamento de Justiça abre margem para suposições de que, na verdade, os Estados Unidos estão tentando proteger suas indústrias de defesa da competição com os concorrentes globais, haja vista que as justiças da Suécia e do Brasil já haviam investigado e não encontraram irregularidades", acrescenta o especialista.
"Eu, sinceramente, acho que um pedido de informação dos Estados Unidos é intromissão dos Estados Unidos em uma coisa de outro país. É descabida essa informação."
Por que os EUA se 'intrometem' na soberania de outros países?
"É mais uma tentativa dos Estados Unidos de, por um lado, sufocar a vontade brasileira de ter o seu protagonismo próprio nas relações internacionais, no que diz respeito à sua defesa nacional, e a sua inserção na vida da segurança internacional", avalia.
Essa intervenção, de acordo com o pesquisador, acontece em "países que têm algum tipo de contencioso com os Estados Unidos ou então quando os Estados Unidos consideram, mesmo que seja um país com o qual eles tenham boas relações, e que aquele componente ou aquela parte pode criar algum tipo de distorção regional, ou que aquele país possa utilizar o componente para uso civil ou para uso militar".
"Como o Brasil não participa dessa cadeia, fica sujeito porque é dependente às restrições. Então os Estados Unidos podem encontrar um meio de restringir mesmo essa transferência de tecnologia pra projetar e desenvolver as aeronaves", explica Zague.