A informação da tentativa de violar as fronteiras da Federação da Rússia foi revelada pelo Serviço Federal de Segurança (FSB, na sigla em russo) nesta segunda-feira.
"Em 27 de outubro, funcionários do Departamento de Fronteiras do Serviço Federal de Segurança da Rússia na região de Bryansk, juntamente com unidades das Forças Armadas e Guarda Nacional russas, reprimiram a tentativa de um grupo de sabotagem e reconhecimento de violar a fronteira estatal da Federação da Rússia no distrito de Klimovsky", afirmou o FSB.
"Como resultado do confronto, quatro sabotadores foram eliminados. Os remanescentes do grupo em retirada foram atingidos por um ataque de mísseis e artilharia e sofreram perdas."
Ainda segundo informações da autoridade russa, entre os pertences encontrados com os soldados eliminados estavam equipamentos e pertences pessoais que comprovam sua origem estrangeira, como um caderno de orações em polonês e uma bandeira canadense.
Um dos soldados neutralizados possuía uma tatuagem do 2º Batalhão Ranger, um de três que integram o 75º Regimento Ranger, unidade de paraquedistas e operações especiais do Exército dos Estados Unidos.
À Sputnik Brasil, o especialista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil Robinson Farinazzo explica que o 75º Rangers é uma tropa de elite especializada em infiltração, sequestro de alvos de valor, sabotagem, destruição e reconhecimento especializado.
Posicionadas nos estados norte-americanos da Geórgia, na costa leste, e Washington, na costa oeste, informações públicas das Forças Armadas estadunidenses apontam que essas tropas podem ser deslocadas para qualquer lugar do mundo em até 18 horas.
"O objetivo de uma unidade dessas é levantar algo de oportunidade. Estabelecer itinerário, descobrir fragilidades e reportar informações úteis ao comando e à OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] para futuras operações contra o território russo."
É sabido que mercenários estrangeiros, em especial militares com alto treinamento, atuam no conflito ucraniano. Esta não é a primeira ocasião em que estrangeiros realizam ações terroristas ou sucumbem às forças de defesa russas.
No entanto, o uso de um soldado de elite como o ranger norte-americano é sintomático, aponta Farinazzo. Segundo o especialista militar, é um claro sinal de que Kiev está com dificuldades de formar e treinar tropas especializadas.
"Essa formação demanda bastante tempo e necessita de pessoal que já tenha experiência", diz Farinazzo. "E a Ucrânia pode estar com falta deles para suprir as duas frentes."
Em 6 de agosto deste ano, as forças ucranianas alargaram o campo de batalha com uma ofensiva no norte, focada principalmente na região russa de Kursk, vizinha a Bryansk. Desde então, a Rússia decretou uma operação antiterrorismo no local.
O presidente russo, Vladimir Putin, informou em entrevista coletiva que há cerca de 2 mil soldados ucranianos cercados nessa direção e que as forças de segurança estão no processo de eliminar esses batalhões. Só no último mês, a Ucrânia perdeu 26 mil combatentes só em Kursk.
Ao mesmo tempo, a Ucrânia vem consistentemente perdendo território em Donbass.
Além disso, explicita Farinazzo, a defesa das fronteiras russas neste domingo, aliada a recentes ataques contra locais de mobilização de mercenários estrangeiros, indicam que a Rússia está adquirindo inteligência concreta quanto a movimentações dessas tropas.
"A Rússia provavelmente se infiltrou nesses grupos de mercenários. Todos os mercenários que estão entrando na Ucrânia, a Rússia provavelmente sabe. Então esse pessoal não vai durar muito não."