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Voto pelo correio, voto popular e delegados: veja 5 curiosidades sobre o processo eleitoral dos EUA

A Sputnik Brasil lista cinco curiosidades sobre o processo eleitoral dos EUA que o tornam bastante diferente com relação ao do Brasil.
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A partir desta terça-feira (5) começa a contagem regressiva para definir quem será o próximo presidente dos Estados Unidos.
A acirrada disputa entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump segue voto a voto, e o nome do vencedor da disputa pode levar semanas até ser conhecido.
Isso porque, diferentemente do Brasil, onde o voto eletrônico garante rapidez na contagem e divulgação dos resultados e todo o sistema é regido de maneira unificada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nos EUA o voto é impresso e cada estado define suas próprias leis eleitorais. Com isso, a divulgação do resultado pode levar mais de um mês.
Às vésperas das eleições presidenciais nos Estados Unidos, a Sputnik Brasil lista cinco curiosidades sobre o processo eleitoral americano.

Voto popular × voto dos delegados

Diferentemente do Brasil, as eleições nos EUA não são definidas pelo candidato que obtém mais votos da população.
Nos Estados Unidos, a eleição é feita de forma indireta, por meio do voto dos 538 delegados do Colégio Eleitoral. Para vencer a disputa, o candidato precisa de pelo menos 270 votos.
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Cada estado possui um número de delegados, que varia de três a 54, a depender do número de habitantes. Com isso, o número de delegados fica proporcional à representação do estado no Congresso.
Os delegados são escolhidos por meio de cada governo local dos 50 estados do país, que têm liberdade para organizar a votação e posteriormente apontar os delegados.
Embora seja o voto dos delegados que defina a eleição, o voto popular serve como ferramenta de pressão da população em um país onde o voto não é obrigatório. Muitos estados adotam o sistema chamado "winner takes all" ("o vencedor leva tudo", em tradução livre), no qual o candidato vencedor no voto popular leva todos os votos dos delegados do estado.
Porém, há estados que não adotam esse sistema, abrindo margem para que o menos votado seja vencedor da disputa local. Foi o que ocorreu na eleição presidencial de 2000, quando o republicano George W. Bush foi eleito, mesmo tendo recebido meio milhão de votos a menos que seu rival democrata Al Gore, e em 2016, quando Donald Trump venceu a disputa pela Casa Branca obtendo 3 milhões de votos a menos que sua adversária Hillary Clinton.
Há casos popularmente denominados como "eleitores infiéis", em que delegados proferem votos que contrariam a maioria do voto popular, mas esses casos são bastante raros.
Há ainda os chamados "estados pêndulos" ("swing states", em tradução livre), em que historicamente não há maioria absoluta nas intenções de voto. Esses estados costumam ser decisivos para o processo eleitoral e, muitas vezes, foco da reta final de campanhas.

Data das eleições

A data das eleições foi escolhida em 1845, sendo fixada sempre na primeira terça-feira após a primeira segunda-feira de novembro.
A data foi escolhida por ser após a colheita de outono e antes que as condições de inverno tornassem as viagens e os deslocamentos difíceis. A ideia era facilitar a votação em uma época em que os EUA eram um país majoritariamente agrícola.

Voto por correio

Embora a data oficial das eleições seja a primeira terça-feira após a primeira segunda-feira de novembro, nos EUA é possível votar à distância, antecipadamente, como fez a candidata democrata Kamala Harris, que votou pelo correio no domingo (3) e postou um vídeo nas redes sociais incentivando eleitores a votar.
Ela tomou a decisão porque, por ser vice-presidente, deve acompanhar o dia da votação na capital Washington D.C., ao passo que seu colégio eleitoral fica na Califórnia.
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Esse sistema de votação é o chamado "voto por correspondência", destinado a eleitores que estão fora de seu distrito eleitoral, por motivos de estudo, serviço militar ou viagem.
Alguns estados disponibilizam as cédulas por correio mesmo sem solicitação, dando aos eleitores a opção de preencher a cédula e enviar o voto pelo correio ou comparecer fisicamente ao local de votação. Em outros, é necessário solicitar a cédula até um dia antes de votar.

A origem dos mascotes dos partidos Democrata e Republicano

Os partidos Democrata e Republicano são representados, respectivamente, pelas figuras de um burro e um elefante, amplamente usadas em bottons e banners durante a campanha eleitoral.
O mascote dos democratas surgiu primeiro, em 1828, durante a campanha de Andrew Jackson à presidência. Na época, desafetos políticos de Jackson se referiam a ele como "burro", um trocadilho com seu nome, uma vez que o termo em inglês "jackass" é usado pejorativamente para chamar alguém de burro. Já no sentido literal, em referência ao nome do animal burro, a palavra usada é "donkey". Jackson incorporou o animal à sua campanha, fazendo surgir a figura do burro como mascote símbolo dos democratas.
Já o elefante como símbolo dos republicanos apareceu pela primeira vez em 1864, em uma charge publicada no jornal Father Abraham, que mostrava um elefante segurando um banner celebrando a vitória da União (Norte) sobre os Confederados (Sul) na Guerra Civil dos EUA, liderada pelo presidente republicano Abraham Lincoln. Na época, a expressão "vendo o elefante" era uma gíria usada em referência a ganhar experiência em combate.
Porém, foi apenas em 1870 que ambos os mascotes passaram a ser popularizados, de fato, como símbolo pelos eleitores, depois de uma charge do cartunista político Thomas Nast representar os dois animais juntos em referência aos partidos.

Sistema bipartidário

Um fato pouco conhecido sobre o processo eleitoral dos EUA é que, embora seja regido por um sistema bipartidário, com dois partidos grandes e fortes, há dezenas de outras legendas menores registradas no país, popularmente chamadas "terceiros partidos".
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Alguns exemplos são o Partido Verde, o Libertários, o Partido da Constituição e o Partido da Lei Natural.
Há até mesmo legendas inusitadas, como o Partido Aluguel Está Caro Demais ("Rent Is 2 Damn High Party", no original), que chegou a lançar candidatos a prefeito da cidade de Nova York em 2005 e 2009, e a governador do estado de Nova York em 2010. Há também legendas que foram registradas, mas nunca lançaram um candidato.
No entanto, o sistema bipartidário dos EUA deixa poucas oportunidades para os terceiros partidos, que acabam tendo pouca ou nenhuma influência no cenário político do país. Ademais, a visibilidade restrita dificulta a obtenção de financiamento de campanha e a participação em debates.
Somado a isso, o sistema de votação indireta leva tanto a população quanto os delegados a priorizarem os partidos Democrata e Republicano em seus votos, o que favorece a polarização entre as legendas.
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