"Do ponto de vista de produção de artefatos marítimos, sejam navios ou outros equipamentos, pode gerar um aquecimento, porque o Brasil tem proximidade com o Peru. Porém a nossa indústria naval é bem restrita, há poucos produtores no Brasil. Então o impacto imediato não será tão grande, mas pode levar a uma política de investimento e financiamento da cadeia. Se assim ocorrer e houver ainda acordos entre Brasil e Peru, podemos ter um desenvolvimento considerável da indústria naval do país", detalha.
Qual foi o primeiro estaleiro do Brasil?
Impactos do novo porto para a região Norte do Brasil
Qual o estado brasileiro mais próximo do oceano Pacífico?
"Temos que ver a inauguração do porto de Chancay como uma oportunidade para que se consolidem caminhos bioceânicos e para que o Brasil continue avançando rumo ao Oeste e ao Pacífico. Ele servirá como um ímã e um estimulador para que o país amplie o seu olhar também para os seus vizinhos na região. Nos últimos 25 anos, a economia e a dinâmica do mundo têm caminhado para a Ásia-Pacífico. A China, por exemplo, representava nessa época 2% dos destinos das exportações, índice que atualmente é de mais de 30%. Ao mesmo tempo, a economia brasileira também avança para o Oeste. Estados como os citados acima eram responsáveis por apenas 1% das exportações, e hoje já concentram mais de 12%", explica o especialista.
Dos Andes à Amazônia, os obstáculos naturais da integração regional
"Em Manaus, nós temos o segundo maior polo naval do Brasil, com a possibilidade de produção de embarcações interessantes que poderiam ser escoadas para o Peru, a Colômbia ou o Equador através dos rios Içá, Solimões, Maranhão e Ucayali. E também temos outro ponto na fronteira de Rondônia com a Bolívia, onde está prevista a construção de uma nova ponte. Poderíamos também abastecer o país vizinho com embarcações da Zona Franca de Manaus, que desceriam o rio Madeira desde Manaus até Porto Velho e depois chegariam a Guajará-Mirim [onde terá a estrutura] para entrar em território boliviano", finaliza.