Anteriormente, Trump ameaçou os países do BRICS de impor "taxas de 100%" sobre seus produtos se não abandonassem os planos de criar uma moeda alternativa ao dólar norte-americano.
Ao mesmo tempo, o presidente russo Vladimir Putin disse anteriormente que é muito cedo para falar sobre a criação de uma moeda única do BRICS.
"[A ameaça de Trump] vai ser, sem dúvida, um ponto de tensão, mas as iniciativas de uso de moedas locais ainda são muito limitadas, de modo que a ameaça está mais no campo do discurso do que de uma possibilidade real", disse Garcia, a pesquisadora do BRICS Policy Center.
Em sua opinião, a intenção de Trump é provocar polêmica, mas a imposição de tarifas não vai ser implementada no curto ou médio prazo, pois a desdolarização do BRICS está longe de ser concretizada.
De qualquer forma, observou Garcia, a questão será um claro desafio à presidência do Brasil no BRICS.
De outro lado, há uma possibilidade de os EUA desencadearem medidas contra o BRICS e aqueles que têm laços com a Rússia e a China assim que Trump assumir a presidência, acredita o presidente do Colégio de Economistas da cidade de Tarija, a Bolívia, Fernando Romero.
"Há uma luta geopolítica entre os países do BRICS e o modelo neoliberal-capitalista, principalmente com os EUA. Portanto, acho que haverá uma luta muito grande quando Trump assumir o cargo, mas ela será contra os países que têm uma linha ou são membros ou simpatizantes da China e da Rússia", destacou o economista boliviano.
Contudo, Romero aconselha a esperar, não tomar medidas drásticas, porque é possível trabalhar com os Estados Unidos.
BRICS em 2024
O BRICS é uma associação interestatal criada em 2006. A Rússia assumiu a presidência do BRICS em 1º de janeiro de 2024. Em 2025, a presidência vai passar para o Brasil.
O ano começou com a entrada de novos membros na associação: além da Rússia, Brasil, Índia, China e África do Sul, o BRICS agora inclui o Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
A 16ª Cúpula do BRICS em Kazan, com a participação de representantes de 36 países e seis organizações internacionais, foi realizada de 22 a 24 de outubro deste ano.
O Brasil foi representado pelo ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, pois o presidente Lula da Silva teve que cancelar sua viagem um dia antes devido a um acidente doméstico.
A cúpula foi o evento final da presidência russa da associação, e foi realizada sob o lema de fortalecer o multilateralismo para o desenvolvimento global equitativo e a segurança.