"Também representou a continuidade do projeto do Morena [partido também do ex-presidente Andrés Manuel López Obrador], uma coisa bem atípica na história no México. Já no Uruguai, ocorreu a volta da Frente Ampla, com Yamandú Orsi, que é uma vitória muito importante para a região. E ainda houve a reeleição do presidente Nicolás Maduro [na Venezuela], apesar de várias tentativas de desestabilização, mas que foram vencidas. E também tivemos vitórias não tão boas, como em El Salvador, onde ganharam os aliados de Donald Trump [presidente eleito dos Estados Unidos]", pontua.
G20 no Brasil e defesa do mundo multipolar
"Eu acho também que foi muito importante o papel do Brasil este ano. O presidente Luiz Inácio da Lula da Silva alçou, de fato, o nosso país de novo no mundo, então acho que o G20 foi importante para isso, assim como vai ser com a Cúpula do BRICS do ano que vem. Também foi publicado pelo IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] que atingimos o menor índice de pobreza e miséria desde 2012, uma coisa que também é muito importante", explica.
Impactos do governo Milei na Argentina
"Primeiro porque metade da população na Argentina hoje vive na pobreza, com quase 20% na extrema pobreza […]. Mas o Milei também enfrenta dificuldades, inclusive para aprovar o novo pacote de política econômica, fora algumas privatizações que ficaram de fora, como a da empresa estatal de rádio e televisão, a dos correios, a das Aerolíneas Argentinas, o que também é fruto da mobilização da população nas ruas. Inclusive, o Milei ainda tenta se alçar como um símbolo da extrema-direita mundial. Ele segue com esse personagem extremista que se coloca como um outsider", pontua, ao lembrar ainda que a Argentina chegou a ser convidada para entrar no BRICS, mas por decisão de Milei houve recusa.
Futuro governo Trump e tensões sob a América Latina
"De fato, desde antes de vencer as eleições, Trump já vinha fazendo uma série de provocações ao México. […] já ameaçou taxar em 25% os produtos do país e também do Canadá, enquanto a presidente Claudia Sheinbaum afirmou que responderia à mesma altura", afirma.
Tentativas de golpe de Estado e desestabilização
"Soubemos depois pela imprensa que foram os militares [os responsáveis pela tentativa de golpe], mas ficou uma situação muito estranha. E na Bolívia segue essa divisão dentro do MAS [Movimento ao Socialismo], que é o partido do presidente, mas que foi na verdade fundado por Evo Morales. Os dois continuam disputando internamente dentro do partido, o que deixa uma situação bem delicada no país andino. Tivemos, inclusive, uma tentativa de assassinato do Evo Morales. Então foi um ano complicado para a Bolívia e que traz sombras do que será a próxima eleição presidencial", argumenta.