Fernández deverá comparecer no dia 4 de fevereiro para dar esclarecimentos, conforme informaram fontes judiciais à Sputnik. O ex-presidente vai se apresentar ao tribunal federal de Buenos Aires a partir das 11h00, diante do juiz federal Julián Ercolini. A convocação inicial, marcada para 11 de dezembro, havia sido suspensa e adiada para o dia 19 do mesmo mês.
O argentino solicitou a remoção do magistrado por alegada parcialidade, mas a Câmara Nacional de Apelações rejeitou os recursos e confirmou o juiz à frente do caso.
O ex-chefe de Estado comparecerá na condição de investigado, sob a suspeita de que teria cometido agressões psicológicas e físicas contra Yáñez por pelo menos oito anos, causando "sequelas de dano psíquico, com um enfraquecimento permanente de sua saúde", segundo a decisão judicial.
Entre 2016 e 6 de agosto de 2024, data em que Yáñez apresentou a denúncia contra Fernández, "o acusado teria se aproveitado da especial situação de vulnerabilidade preexistente da vítima e exercido, de forma habitual e contínua, violência psicológica contra Yáñez", afirma a resolução de Ercolini.
Essa violência se manifestava de diversas formas, como "assédio, perseguições, controle, indiferença, insultos, culpabilização, destrato, silêncio, desprezo e hostilidade", avaliou o juiz.
Após ser eleito presidente em 2019, a violência teria continuado e até se intensificado, especialmente durante a gravidez de Yáñez, no final de julho e início de agosto de 2021. As agressões incluíram "agarrões pelo pescoço, sacudidas, tapas e golpes que causaram lesões no corpo da vítima".
Mesmo no final de seu mandato, quando Yáñez se mudou para o quarto de hóspedes da residência presidencial, em Olivos, os episódios de violência, incluindo tapas, eram recorrentes, detalhou a resolução judicial em consonância com as alegações do promotor Ramiro González.
O ex-presidente também teria coagido a então parceira para que não o denunciasse, fosse de forma direta ou por meio de terceiros, prometendo que nem ela nem seu filho ficariam desamparados e ameaçando "arruiná-la e fazer qualquer coisa contra ela" caso contrariasse suas ordens.
O promotor González havia solicitado o depoimento de Fernández em 4 de novembro, pelos crimes de lesões leves e agravadas e coação, que podem acarretar uma pena de até 18 anos de prisão.
O ex-mandatário é investigado em outro processo, sobre supostas irregularidades na contratação de seguros por órgãos públicos durante sua gestão.