Em 6 de janeiro, uma nota do Ministério das Relações Exteriores brasileiro anunciou que a "detentora da maior população e da maior economia do Sudeste Asiático", a Indonésia, começou a fazer parte do BRICS.
Nessa nota, o Brasil, que em 1º de janeiro assumiu a presidência do BRICS, ressaltou a contribuição positiva do país sudeste-asiático para "o aprofundamento da cooperação do Sul Global".
A tendência da Indonésia em direção ao BRICS começou há muito tempo e, no ano passado, foi relatado que os líderes do grupo favoreciam a entrada do país.
Porém, segundo Dedi Dinarto, analista indonésio da empresa de consultoria estratégica Global Counsel, a administração do atual presidente da Indonésia Prabowo Subianto, que assumiu o cargo em 20 de outubro de 2024, é mais decidida do que a anterior.
No âmbito da "política de boa vizinhança" anunciada por ele, Prabowo visitou vários países, da China e Rússia aos EUA e seus aliados.
"A participação do BRICS é um 'hedge estratégico', oferecendo ao país 'flexibilidade caso haja um afastamento dos sistemas econômicos liderados pelo Ocidente'", cita o South China Morning Post a opinião de Dedi.
O especialista acha que o presidente eleito dos EUA Donald Trump, que já ameaçou aos países do BRICS com suas tarifas, poderá ver esse passo da Indonésia como "um desafio aos interesses norte-americanos".
Dandy Rafitrandi, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Jacarta, disse que assim a Indonésia abre mercados e oportunidades de investimento na África e na América do Sul, além de aumentar os já fortes laços comerciais com a Índia e a Rússia.
Além disso, a decisão de aderir à associação pode revelar que Prabowo tem uma "aspiração de posicionar a Indonésia, e a si mesmo, como um líder do Sul Global", pensam especialistas.