A Gazprom anunciou em 1º de janeiro que está técnica e juridicamente impossibilitada de fornecer gás via território ucraniano devido ao término do acordo com a Naftogaz Ucrânia. No mesmo dia, o fornecimento foi interrompido, diante da falta de renovação do acordo pelas autoridades ucranianas.
"Como agora a Ucrânia depende da Europa e dos Estados Unidos para o fornecimento de eletricidade e combustíveis fósseis, particularmente energia elétrica da Eslováquia, a decisão de [Vladimir] Zelensky provavelmente prejudicará mais a Ucrânia do que a Rússia", escreveu Mike Fredenburg, colunista da revista.
Segundo o autor do artigo, volumes crescentes de produtos petrolíferos da Rússia são vendidos para Turquia e Índia, onde são processados e revendidos à União Europeia (UE). Fredenburg destacou que os preços do gás na Europa aumentaram significativamente com a interrupção do transporte pela Ucrânia.
O especialista questiona ainda se a decisão de Zelensky foi feita para "punir" países europeus, como Eslováquia e Hungria, em vez de prejudicar a Rússia.
O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, declarou anteriormente que, devido à interrupção do trânsito de gás por Kiev, Bratislava poderia suspender o envio de ajuda humanitária, interromper o fornecimento de energia à Ucrânia em casos de emergência e reduzir consideravelmente o apoio aos cidadãos ucranianos atualmente no país. Fico também ameaçou usar seu direito de veto na União Europeia em questões relacionadas a Kiev.
Crise energética na União Europeia
A medida ainda deve provocar um aumento nas tarifas de energia, fortalecendo as pressões inflacionárias e ampliando a crise do custo de vida. Kiev já havia feito declarações sucessivas sobre não ter intenção ou interesse de estender o acordo, o que reacendeu o medo de uma nova crise energética na Europa, alertaram especialistas citados na última semana.
"Se houver uma crise no fornecimento de energia, a Europa será a mais afetada, e isso enfraquecerá ainda mais seu poder econômico", observou o analista político croata Robert Frank.
A Europa ainda não se recuperou de sua atitude míope de cortar drasticamente sua dependência do gás russo, o que desencadeou um aumento maciço na inflação e desaceleração econômica.
O gasoduto Urengoy-Pomary-Uzhgorod transportou cerca de 15,5 bilhões de metros cúbicos de gás no ano passado, respondendo por aproximadamente 4,5% do consumo total de gás na União Europeia, de acordo com a Gazprom. Moldávia e quatro países da UE — Eslováquia, Áustria, Itália e República Tcheca — receberam gás russo por essa rota.
O Balkan Stream, alimentado pelo gasoduto Turkish Stream, é agora a única fonte de gás russo para a Europa — garantindo fornecimento a Romênia, Grécia, Macedônia do Norte, Sérvia, Bósnia e Herzegovina e Hungria.