No início de janeiro, Trump disse que a Groenlândia deveria se juntar aos Estados Unidos para conter a influência da China e da Rússia.
Ele já havia expressado a ideia de adquirir a ilha, que goza de ampla autonomia na Dinamarca, em 2019, durante seu primeiro mandato presidencial. Tanto naquela época quanto agora, as autoridades groenlandesas e dinamarquesas rejeitaram a proposta.
Desta vez primeiro-ministro groenlandês, Mute Egede, respondeu que a ilha não está à venda.
"Seus comentários sobre a Groenlândia precisam ser vistos no contexto de suas falas sobre anexar o Canadá, renomear o golfo do México, controlar o canal do Panamá e impor tarifas de 100% aos países que abandonarem o dólar americano por uma moeda BRICS", disse Jatras. "É para que os Estados Unidos possam intimidar outros países e forçá-los à submissão."
Segundo ele, há uma possibilidade de que os planos do novo governo, que tomará posse em 20 de janeiro, incluam uma mudança no foco da geopolítica dos EUA, de tentar garantir o domínio global para fortalecer a posição dos Estados Unidos no Hemisfério Ocidental.
No entanto, o ex-diplomata observa que não se deve levar as palavras de Trump, que é conhecido por declarações exageradas e imprevisibilidade, muito a sério.
Jatras também expressou a opinião de que os Estados Unidos não receberiam nenhum benefício tangível ao adquirir ou tomar a Groenlândia, uma vez que ela tem seus recursos naturais intocados, e a ilha dinamarquesa já abriga a base espacial americana de Pituffik.
"Por outro lado, se houvesse uma razão convincente para explorar os recursos da Groenlândia, então chegar a um acordo com a Dinamarca para esse propósito certamente seria mais fácil e barato do que tentar forçar Copenhague, para não mencionar os groenlandeses, a ceder a ilha aos EUA. Novamente, nada disso faz sentido, mas isso é clássico de Trump", observa o ex-diplomata.
Tomada da Groenlândia prejudicaria relações com Europa
Uma tomada forçada da Groenlândia pelos Estados Unidos seria um golpe sério no relacionamento de Washington com a Europa, disse o tenente-coronel aposentado do Exército dos EUA e consultor político Earl Rasmussen à Sputnik.
"Se tomarmos a Groenlândia à força, militar ou economicamente, isso prejudicaria significativamente as relações entre a Europa e a EUA", disse Rasmussen.
Rasmussen lembrou que a Groenlândia foi uma colônia ou um território dependente da Noruega e da Dinamarca por séculos, e que um movimento de independência está crescendo atualmente.
"Uma abordagem mais palatável seria negociar diplomaticamente com a Groenlândia, Dinamarca e Europa o acesso em que os EUA têm interesse, seja por razões estratégicas de segurança nacional ou acesso a recursos naturais", acrescentou.
O especialista também destacou que os EUA têm uma base militar na Groenlândia que desempenha um papel fundamental na rede global de sistemas de alerta de mísseis dos EUA.
Rasmussen acredita que Trump quer acessar a Groenlândia por razões comerciais, de segurança e políticas. "Isso forneceria acesso pronto e direto ao Ártico e a uma riqueza de recursos naturais, como minerais, incluindo terras raras, bem como petróleo e gás", acrescentou.
A Groenlândia foi uma colônia da Dinamarca até 1953. Ela continua sendo parte do reino, mas em 2009 recebeu autonomia com a possibilidade de autogoverno e escolha independente na política doméstica.