O ministro dos Transportes, Renan Filho, confirmou nesta quinta-feira (23) que o governo vai lançar um novo plano nacional para o desenvolvimento ferroviário na primeira quinzena de fevereiro.
"Tive uma primeira conversa com o presidente [Luiz Inácio Lula da Silva], apresentando a ele a carteira de projetos. O presidente aprovou e nós estamos organizando para fazer o lançamento nos primeiros dias de fevereiro", afirmou em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro.
Conforme Renan Filho, entre os principais objetivos está a retirada das ferrovias que passam dentro das cidades no Brasil. "Vamos divulgar os projetos, discutir com o mercado e os investidores. Vai ser super relevante porque é muito necessário que a gente retire carga e coloque nas ferrovias para evitar os conflitos rodoviários que o Brasil ainda vive", acrescentou.
Entre os exemplos, o ministro citou o caso de São Paulo, cujos trens de uma das principais empresas de logística ferroviária do país passa na região central da capital. "Aquilo é incongruente com uma cidade da dimensão de São Paulo. A gente precisa, cada vez mais, revisar isso", pontua.
Além disso, o ministro lembrou que a atual estrutura foi construída há muitas décadas e que é necessária uma modernização. "Não dá para mudar totalmente porque elas [as ferrovias] foram construídas em outro momento, fazem muitas curvas e, com essas curvas, não dá para aumentar a velocidade. Se não tem velocidade, não compete com ônibus, caminhão e van. É um trabalho complexo, precisa de investimento público pesado, de massa."
Investimentos de quase R$ 100 bilhões no Brasil
No ano passado, o governo federal chegou a anunciar que a expectativa de investimentos para ampliar o modal ferroviário brasileiro é de R$ 94,2 bilhões até 2026 (R$ 6 bilhões em recursos públicos e R$ 88,2 bilhões em investimento privado), através do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC).
A densidade da malha ferroviária no Brasil é de 30,81 mil km, segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF). Se comparada à dos EUA, país de extensão territorial similar, a densidade ferroviária brasileira chega a ser quase dez vezes menor, uma vez que os norte-americanos contam com 293,56 mil quilômetros de linhas férreas.
No primeiro ano do governo Lula, de acordo com o Ministério dos Transportes, intervenções importantes foram feitas no setor ferroviário. Houve, por exemplo, a retomada das obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), que corta sete municípios no sul da Bahia, entre Ilhéus e Aiquara. As obras da Ferrovia Norte-Sul (FNS), que liga Estrela D'Oeste (SP) e Açailândia (MA), também foram concluídas.