Panorama internacional

Congelamento da ajuda externa dos EUA desencadeia uma crise global de financiamento, diz mídia

Organizações de ajuda e governos ao redor do mundo estão tentando entender como resolver a crise de financiamento que se abateu após a série de congelamentos de ajuda externa dos EUA por Donald Trump.
Sputnik
Com os helicópteros antidrogas colombianos ociosos por falta de combustível e os meios de comunicação na Ucrânia ameaçados de fechamento, organizações de ajuda e governos ao redor do mundo estão tentando entender como o congelamento abrupto da ajuda externa dos EUA afetará suas atividades. A suspensão de 90 dias e a exigência de "parada de trabalho" expuseram o alcance global da assistência dos EUA, essencial para o soft power norte-americano.
A nova postura sobre assistência externa pode ameaçar essa boa vontade, avisando os países de que não há mais distinção entre aliados, parceiros e inimigos. Após um clamor global, Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, esclareceu que "programas essenciais para salvar vidas" estariam isentos da suspensão. No entanto, organizações humanitárias ainda estão tentando descobrir como serão afetadas.
Segundo o Financial Times, Elizabeth Hoffman, da One Campaign, expressou preocupação de que o processo de isenção para programas que salvam vidas possa ficar preso na burocracia.
Por sua vez, Beatriz Grinsztejn, da Sociedade Internacional de Aids, destacou a ameaça ao Plano de Emergência do Presidente para Alívio da Aids (PEPFAR), que fornece antirretrovirais para mais de 20 milhões de pessoas. Se o financiamento for cortado, "pessoas vão morrer e o HIV vai ressurgir".
A ordem executiva de Trump questionou a lógica de grande parte da assistência dos EUA, que chegou a US$ 64,7 bilhões (cerca de R$ 379,8 bilhões) em 2023. Muitos gastos dos EUA eram considerados "contrários aos valores norte-americanos".
A ameaça de retirada abrupta de parcelas da ajuda dos EUA destacou a diferença entre a assistência de Washington, focada em saúde e direitos humanos, e a de Pequim, focada em infraestrutura.
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Na Ucrânia, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês) forneceu bilhões em ajuda humanitária e apoio orçamentário desde o início da guerra por procuração da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) contra a Rússia na Ucrânia. Embora a assistência militar dos EUA não tenha sido interrompida, muitas entidades ucranianas receberam ordens de "parar o trabalho". A Mediarukh, uma coalizão de veículos de notícias, alertou que o congelamento afetaria o espaço de informações do país.
A Colômbia, que deveria receber US$ 380 milhões (mais de R$ 2,2 bilhões) em financiamento para desenvolvimento e combate às drogas, também foi atingida pelo congelamento de gastos. Muitas ONGs que fornecem abrigo e alimentação para migrantes venezuelanos estão agora incapazes de pagar por suas operações. Até mesmo operações policiais financiadas pelo Gabinete de Assuntos Internacionais de Aplicação da Lei e Narcóticos (INL, na sigla em inglês) foram congeladas.
Alguns defensores de políticas argumentam que os cortes servem como um lembrete de que muitos sistemas de saúde e bem-estar dependem excessivamente de ajuda estrangeira. Ayoade Alakija, especialista em saúde global da Nigéria, afirmou que os governos precisam começar a financiar suas próprias necessidades e investir em saúde e educação.
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