Na semana passada, o Congresso Nacional voltou aos trabalhos já com novas lideranças. Auxiliares dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), disseram à Sputnik Brasil que as pautas estão sendo postas à mesa — entre elas algumas prioritárias, a exemplo da PEC da segurança —, mas há "dificuldade" de encontrar consenso com o governo e lideranças.
Sobre a possibilidade de diminuição do tempo da inelegibilidade imposto pela Lei da Ficha Limpa, as fontes afirmaram que ainda não há um consenso, mas que o presidente do Senado tem divergências no que diz respeito à constitucionalidade, uma vez que "vai beneficiar apenas um grupo específico e em época antecedente da eleição".
Insatisfação
"Existe uma insatisfação sem tamanho" com a gerência do líder-mor do PT, segundo um auxiliar do PL. Na base, o sentimento não é tão diferente: "Há mudanças que precisam ser feitas [referindo-se à reforma ministerial]. Confesso que o diálogo com a oposição não vem sendo tão fácil assim. Mas há saída", disse uma liderança petista.
"Se a gente for olhar a economia, ela está até melhor. Mas só está 'melhor', entre algumas aspas, se a gente for olhar por dados. Se formos ao mercado, por exemplo, nada disso é sentido pelo brasileiro comum."
Acerca do assunto, um deputado da ala petista disse em off que falta "bom senso" da oposição, que, segundo ele, usa essas pautas para tentar descredibilizar o governo Lula.
"Além de faltar o bom senso, é muito mau-caratismo. Todo cidadão comum substitui uma coisa pela outra. No caso do café é mais difícil, afinal é quase que a alma e combustível dos brasileiros e brasileiras. […] se você olhar, eles sequer querem aprovar a isenção para quem recebe até R$ 5 mil no imposto de renda. Mas estão aí usando coisas poucas para tentar descredibilizar o governo Lula", argumentou.
"Tem coisa que precisa melhorar? Isso tem! A gente [membros do PT] enxerga isso. A comunicação tem melhorado. Algumas mudanças estão no radar, e é correr contra o tempo. Mas a gente também precisa do auxílio das lideranças do espectro do centro. Vamos conseguir reverter isso", ponderou outro aliado do petista à Sputnik.
Uma fonte do centrão chamou a atenção para a situação da população mais carente que não está sendo contemplada:
"O governo prega uma gestão de coalizão e que vai sempre olhar para o mais pobre, mas estamos com o problema nos mercados. Café, produto brasileiro, caro para os próprios brasileiros. Como pode?", disparou ele.
Segundo congressistas ouvidos por esta reportagem, "se não houver uma mudança para o semipresidencialismo, será necessário apostar em uma candidatura do centro que converse e possa convergir com a centro-esquerda e a centro-direita e, assim, fugir da atual polarização".