O anúncio foi feito pela Prefeitura do Rio, que planeja desapropriar o imóvel e abrir suas portas para o público, permitindo que o cenário do andar térreo, utilizado nas filmagens do filme, seja mantido como um espaço de visitação. O restante da residência será destinado à RioFilme, a empresa pública dedicada a fomentar e investir no setor audiovisual.
A iniciativa, oficialmente formalizada no Diário Oficial do Município, busca não apenas homenagear o filme vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas também criar um espaço que preserve e celebre a cultura cinematográfica brasileira. O projeto incluirá a criação de um memorial que destacará o legado do cinema nacional e de figuras chave da história recente do Brasil.
A casa, construída em 1938, foi o palco de Ainda Estou Aqui, que teve direção de Walter Salles e Fernanda Torres como protagonista. O filme, baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, conta a história de uma mulher que lida com as consequências do regime militar e é uma das produções que consolidaram a renovação do cinema brasileiro no cenário internacional. O trabalho de Torres foi amplamente reconhecido, com uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz e a conquista do Globo de Ouro na mesma categoria.
Além de ser uma homenagem à obra cinematográfica, a transformação do imóvel da Urca reflete também o compromisso do Estado em preservar a memória dos brasileiros que resistiram ao autoritarismo, contribuindo para a reconstrução da democracia. O decreto que estabelece a utilidade pública do imóvel destaca ainda a importância do apelo turístico gerado pela fama do filme, que conquistou reconhecimento internacional e atraiu olhares do mundo inteiro para a produção brasileira.
Em paralelo, a RioFilme anunciou recentemente um investimento significativo no setor de audiovisual. Em janeiro deste ano, a empresa liberou R$ 131 milhões para apoiar produções audiovisuais no Rio de Janeiro, com destaque para a parceria com a Agência Nacional de Cinema (Ancine), que garantiu R$ 100 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual. O município também destinou R$ 31 milhões para os projetos selecionados em 2024, reafirmando a prioridade dada à cultura e à indústria cinematográfica no estado.
O longa, que também disputou os prêmios de Melhor Filme da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos e de Melhor Atriz, foi baseado no livro do escritor Marcelo Rubens Paiva que conta a história do drama de sua família após o pai, Rubens Paiva, ser sequestrado, morto e ter o corpo desaparecido, em 1971, pelo governo da ditadura civil-militar no Brasil (1964–1985).