Em carta endereçada ao Secretário-Geral da ONU, António Guterres, e à atual presidente do Conselho de Segurança da ONU, Christina Markus Lassen, a missão iraniana na organização expressou "profunda preocupação e condenação inequívoca das recentes declarações beligerantes de altos funcionários do governo dos Estados Unidos, incluindo o presidente dos Estados Unidos".
No texto, o Irã acusa o governo de Donald Trump de tentar "desesperadamente justificar ilegalmente os atos de agressão e crimes de guerra dos EUA contra o Iêmen, deixando acusações infundadas contra a República Islâmica do Irã e ameaçando abertamente o uso da força contra o Irã".
Na carta, o governo iraniano alerta ainda que qualquer ato de agressão terá consequências "severas" para os EUA e ressalta que Teerã não se envolveu em "nenhuma atividade inconsistente com as disposições" das resoluções do Conselho de Segurança sobre o Iêmen, incluindo resoluções sobre embargos de armas ou envolvimento em quaisquer atividades desestabilizadoras na região.
As declarações foram uma resposta ao presidente dos EUA, Donald Trump, que mais cedo afirmou que qualquer ataque dos houthis do Iêmen será tratado de agora em diante como um tiro disparado das armas e da liderança do Irã, acrescentando que o Irã sofrerá consequências "terríveis".
O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, comentou que todas as opções estão na mesa neste momento quando perguntado se os Estados Unidos estão explorando uma possível ação militar contra a república islâmica.
Mais de 30 pessoas foram mortas e mais de 100 ficaram feridas no Iêmen no domingo (16) por ataques aéreos lançados pelos EUA, de acordo com o Ministério da Saúde do governo houthi.
Campanha de ataques
Em novembro de 2023, o Ansar Allah, movimento houthi, lançou uma campanha de ataques a navios mercantes ligados a Israel para os impedir de transitar pelos mares Arábico e Vermelho até que a Faixa de Gaza volte a receber os alimentos e medicamentos de que necessita.
Diante da ameaça de ataques em uma área-chave para o comércio global, particularmente de petróleo, diversas companhias de navegação optaram por enviar seus navios pela rota do sul da África, aumentando o tempo e o custo do transporte. Isso gerou uma reação por parte dos Estados Unidos, que passaram a retaliar o grupo.
Trump reconheceu o movimento houthi como terrorista pouco antes do fim de seu primeiro mandato (2017-2021), em janeiro de 2021, mas seu sucessor, Joe Biden, o removeu da lista no mesmo ano.
Em 4 de março deste ano, os Estados Unidos novamente designaram o movimento Ansar Allah como organização terrorista.