Panorama internacional

De terras raras à Ucrânia: o que Putin e Trump discutirão em encontro? (VÍDEOS)

A reunião entre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e seu homólogo americano, Donald Trump, foi confirmada pelo Kremlin e pode acontecer já nos próximos dias. À Sputnik Brasil, especialistas avaliaram o que esperar do encontro e quais acordos podem ser alcançados.
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Na quarta-feira (6), Putin se reuniu com o enviado especial dos EUA Steve Witkoff, um encontro caracterizado como construtivo e que pode ter chancelado a conversa de alto nível que deve acontecer.
Para Héctor Luis Saint-Pierre, professor titular de segurança internacional da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas, e líder do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (Gedes), o grande resultado da reunião Putin-Witkoff é justamente o encontro entre os líderes das duas potências.
De acordo com ele, pela característica de Trump de "pressionar muito para depois negociar outras condições", podem faltar garantias que indiquem a possibilidade de avanços entre os países.
Diante desse contexto, Ana Prestes, doutora em ciência política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e analista de relações internacionais, avalia que o encontro é fruto de negociações que foram muito bem preparadas.

"A diplomacia russa não toparia um encontro que não houvesse sido bem preparado. Eles não me parecem sujeitos ou suscetíveis a surpresas e constrangimentos", analisa.

Segundo os especialistas, que não enxergam a possibilidade de muitos avanços, a pauta comercial é o ponto fora da curva onde as conversas podem progredir.
Um exemplo, diz Saint-Pierre, são as negociações comerciais com relação às terras raras. "Uma operação cooperativa de mineração em terras ucranianas, coisas que interessam comercialmente ao Trump."
Prestes, por sua vez, acrescenta que a questão do Irã pode aparecer com destaque na mesa de negociações, com a Rússia reticente aos últimos ataques americanos a Teerã.

"A Rússia tem uma boa relação com o Irã, e eu penso que pode ser que paute isso com os Estados Unidos, no sentido de não aceitar ataques ao Irã."

Como deve ficar o conflito ucraniano?

Evidentemente, a crise de Kiev também será um assunto, mas de maneira diferente à do último encontro de Putin e Trump, em 2019.
É preciso considerar as várias nuances da abordagem do conflito desde que o republicano voltou à Casa Branca. Em um primeiro momento, ele "se apresentou muito amigável, inclusive isolando muito o [Vladimir] Zelensky das conversas", recorda Prestes. Foram realizadas conversas telefônicas com Putin e, em seguida, aconteceu uma reunião importante entre as diplomacias russa e americana, sem a participação de outros atores, como a União Europeia.
"Depois esse processo acabou se perdendo", diz a analista. Para ela, a relação pode ter esfriado por resistências da Europa e também por Trump ficar desconfortável ao sentir que não tinha "o controle da situação".
Por outro lado, a Rússia tenta articular a resolução do conflito diretamente com os ucranianos. Nesse sentido, três encontros já foram realizados na Turquia.
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Saint-Pierre ressalta, ainda, que as negociações sobre a Ucrânia têm um patamar complexo, dado o nível de envolvimento que a Europa e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) passaram a ter com o conflito, por obra dos EUA.

"A OTAN e a União Europeia decidiram repassar 5% do PIB para a defesa, o que significa gastos extraordinários nacionais para países com dificuldades econômicas e sociais. Esses 5% vão ser destinados, em grande parte, ao complexo industrial militar norte-americano", salienta.

Portanto, diante desse cenário, "qualquer negociação que tenha com Putin vai diminuir a credibilidade de Trump com a Europa, porque ele se comprometeu a continuar apoiando [a Ucrânia]. Então os limites das negociações são muito estreitos".
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