Isso atende a necessidades estratégicas?
"A Espanha precisa de aeronaves de quinta geração porque Marrocos e Argélia já as possuem [F-35 e Su-57]. A Espanha tem os obsoletos F-18 de quarta geração. E na aviação embarcada os Harriers não são mais fabricados. O único avião capaz de decolagem vertical é o F-35B. Se não for adquirido, a Espanha ficará sem aeronaves embarcadas por muitos anos, ou com Harriers muito difíceis de manter, ou quase impossíveis", disse à Sputnik o historiador e analista do Instituto Espanhol de Geopolítica José Manjón.
Um porta-aviões sem aviões?
"A Espanha não tem um porta-aviões, mas sim um navio de assalto anfíbio com aeronaves embarcadas que não pode receber aviões além dos de decolagem vertical", diz Manjón, que aponta os riscos estratégicos para Madri de operar tanto o F-35 quanto um hipotético substituto francês (o Rafale), caso o projeto de construção de um porta-aviões convencional finalmente se concretize, aspecto que a empresa Navantia já estuda.
Os riscos do F-35
"O custo por hora de voo era projetado em US$ 25.000 [R$ 136.820], e agora é de US$ 36.000 [R$ 197.020]. E a isso devemos adicionar o monopólio tecnológico, porque a dependência seria total da Lockheed Martin. Se o que se quer é eliminar a dependência tecnológica total dos EUA com um software muito exclusivo e que, além disso, poderia ser desconectado ao capricho de Washington, é preciso buscar outros tipos de fornecedores", sustenta Aguilar, que enfatiza que a manobrabilidade do F-35 não é muito melhor que a do F-16.
Possíveis substitutos
"O custo por hora de voo e manutenção do Rafale é de € 16.500 [R$ 104.954], em comparação com € 18.000 [R$ 114.496] do Eurofighter, € 12.000 [R$ 76.330] do Su-57 russo ou € 25.000 [R$ 159.022] do J-20 chinês", observa Aguilar, que lamenta que a estrutura euro-atlântica exclusiva impossibilite o desenvolvimento de opções externas. O problema subjacente é a negligência com as reais necessidades da Espanha. "Um estudo adequado deve ser realizado com base nas necessidades estratégicas da Espanha. Não as da OTAN, mas as da Espanha."