Provocação para atrapalhar encontro Putin-Trump teria 'alto custo' para Zelensky, avaliam analistas
O ataque de bandeira falsa planejado pelas forças ucranianas e revelado pelo Ministério da Defesa russo teria altos custos ao comando do regime de Kiev, sobretudo com aliados da Europa.
SputnikÀ Sputnik Brasil, Maria Eduarda Carvalho de Araújo, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas e membro fundadora do Centro de Investigação em Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético (CIRE), afirma que a Ucrânia pensa que não recebe a atenção necessária nas mesas de negociação.
Dessa forma,
"apesar do alto custo", as dificuldades militares e diplomáticas poderiam ser os principais motivadores para
partir para uma provocação neste momento, dias antes do encontro entre os presidentes Vladimir Putin e Donald Trump no Alasca.
"O cenário mais amplo, de rigidez de [Vladimir] Zelensky em eventuais negociações e de um ofuscamento da Europa, expressa alta imprevisibilidade e desconfiança em relação ao encontro entre Trump e Putin. Nesse contexto muito complexo e incerto, se um ataque ocorrer, tende a gerar mais prejuízos do que ganhos para a Ucrânia", avalia.
A situação piora uma vez que a probabilidade de um ato de sabotagem da cúpula foi divulgada. O ataque poderia ter efeitos domésticos graves a Vladimir Zelensky.
Ainda assim, caso o plano de Kiev seja levado a cabo, ela não crê que
o apoio do Ocidente vai se esvair. Na
ofensiva de Kursk, por exemplo, "os EUA […] eventualmente apoiaram a ação, o que evidencia que
o respaldo ocidental à Ucrânia é robusto e que ainda é incerto até onde vai esse apoio", recorda a pesquisadora.
Conforme Guilherme Conceição, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas e pesquisador do CIRE, o ucraniano vinha ganhando pontos no cenário interno, mas já está se enfraquecendo novamente.
"O último mês, de julho, está aí para provar a série intensa de manifestações e de demonstrações públicas que cada vez mais deixam claro o desgaste enfrentado por Zelensky no plano doméstico", diz.
Em sua análise, também, o ataque de bandeira falsa poderia acarretar ainda mais prejuízos à popularidade do ucraniano. Assim, a manobra pode ser lida como um desespero de Kiev, "no sentido de manter a guerra na agenda internacional e evitar que se estabeleça um status favorável à Rússia e à sua posição", acrescenta.
Ucrânia tem capacidade de realizar o ataque sem ajuda?
Cada vez mais acuado na linha frente, o Exército ucraniano teria capacidade militar para cumprir sua ameaça de realizar um grande ataque maciço contra sua própria população, creem os analistas. O que falta é outra coisa.
Como explica Conceição, as forças ucranianas possuem autonomia, mas grande parte da inteligência, do armamento e do apoio logístico vem de
parceiros ocidentais.
Nesse sentido, do ponto de vista diplomático, realizar uma provocação de grande escala, especialmente nesse contexto, exigiria maior coordenação ou, no mínimo, o conhecimento prévio dos seus aliados.
Diante disso, para o analista, a Europa declinaria formalmente de qualquer envolvimento.
"Politicamente seria arriscado, porque poderia prejudicar a imagem do bloco como um mediador, embora segmentos mais duros contra a Rússia pudessem ver uma vantagem direta na interrupção de um acordo percebido como favorável a Moscou."
Na terça-feira (12), o Ministério da Defesa da Rússia revelou planos do regime de Kiev para um ataque de bandeira falsa, com o intuito de atrapalhar a cúpula entre Putin e Trump.
De acordo com a pasta, o serviço secreto da Ucrânia deslocou um grupo de jornalistas estrangeiros para Chuguev, na região de Carcóvia, com o suposto objetivo de mostrar a vida de moradores em uma cidade na linha de frente do conflito.
Com a presença da imprensa no local, o governo ucraniano atacaria alvos civis de sua própria população, como hospitais ou áreas residenciais, com drones e mísseis, com o intuito de culpar Moscou pelo ato.
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