Ao exaltar a data, Lula afirmou que o dia 7 de setembro marcou o fim do Brasil como colônia e a sua formação como país soberano. "Na época da colonização, nosso ouro, nossas madeiras, nossas pedras preciosas, nada disso pertencia ao povo brasileiro. Toda nossa riqueza ia embora do Brasil para ajudar a enriquecer outros países"
As falas de interferência estrangeira fazem menção velada à família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sobretudo o filho, deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL), que está nos Estados Unidos. desde março articulando sanções econômicas contra o país como forma de reverter
Eduardo, que
se licenciou da Câmara dos Deputados e não voltou ao Brasil desde fevereiro, tem se reunido com representantes do governo americano e articulado pressões para que se reverta o processo que corre contra seu pai por golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal.
Conforme aponta Lula, há políticos brasileiros que "estimulam os ataques ao Brasil".
Na toada do mote da soberania, Lula defendeu o Pix, sistema de pagamentos instantâneo criado pelo Banco Central, contra investidas dos Estados Unidos e notícias falsas propagadas pela oposição de que o governo iria "taxar" o método de pagamento.
Em relação aos norte-americanos, o pronunciamento responde a declarações do Escritório do Representante Comercial dos EUA, que em agosto disse que investigaria o que classificou e "práticas desleais" do Brasil relativas a serviços de
pagamento eletrônico.
Já no âmbito doméstico, a fala alude a um vídeo do deputado federal
Nikolas Ferreira (PL-MG) que
desestimulou o monitoramento das transações do Pix efetuados por fintechs.
As operações também foram mencionadas pelo presidente como exemplo de soberania. "Um país com a coragem de fazer a maior operação contra o crime organizado da história, sem se importar com o tamanho da conta bancária dos criminosos."
Em seu discurso, Lula também destacou a independência entre os Três Poderes, como determina a Constituição Federal de 1988 como forma de argumentar que sanções econômicas contra o Brasil não conseguiriam pressionar a Presidência a interferir no processo.
Desde que o presidente do Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas de 50% para os produtos importados o Brasil, Lula viu sua popularidade crescer ao adotar o discurso de defesa da soberania nacional.
Segundo era avaliação do Planalto, parte da queda de popularidade sofrida pelo presidente até então se devia ao povo brasileiro não estar a par dos avanços econômicos do país frente um cenário comunicacional difícil.
Para além de reiterar o discurso soberano, Lula aproveitou a oportunidade para reforçar os avanços do país como a saída do Mapa da Fome, um crescimento acima da média global, a queda histórica no desemprego e a abertura de 400 novos mercados para os produtos brasileiros.
O presidente também citou projetos do governo federal que tramitam no Legislativo, como o fim do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e
a regulação das Big Techs, tópico que também envolve os ânimos intervencionistas norte-americanos no país.
Recentemente, a Computer & Communications Industry Association (CCIA), que grandes empresas de tecnologia e comunicação como Google, Meta (proibida na Rússia por extremismo), Amazon e Apple enviou um posicionamento ao Escritório do Representante Comercial dos EUA
apoiando a investigação aberta pelo governo estadunidense contra o Brasil por supostas "práticas desleais" de comércio.
Dentre elas estão regras de responsabilidade sobre conteúdo on-line e as tentativas de regulação de plataformas.
Segundo Lula, as redes sociais têm seu valor ao oferecer informação, conhecimento, trabalho e diversão para milhões de brasileiros, mas não estão "acima da lei".