"Proteger o multilateralismo, acelerar a implementação — ou seja, tirar as coisas do papel — e conectar a discussão global com a realidade do que muda na vida das pessoas", resume Bruna Cerqueira, coordenadora-geral da Agenda de Ação da Presidência da COP30, à Sputnik Brasil.
Segundo Bruna, os trabalhos da presidência brasileira estão organizados em quatro pilares: as negociações técnicas; a articulação política de alto nível; os compromissos nacionais de redução de emissões; e a chamada "agenda de ação" — eixo sob sua responsabilidade e que busca integrar atores não estatais ao processo climático.
"A gente está aqui na pré-COP, os negociadores estão avançando nos textos que vão sair da COP. Essa é uma parte muito importante do processo."
O momento também será decisivo para que os países atualizem suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), compromissos assumidos no Acordo de Paris para reduzir emissões de gases do efeito estufa. "Isso tem que estar integrado com a realidade do desenvolvimento de cada um dos países", destacou Bruna.
A coordenadora também ressalta o esforço de incluir governos subnacionais, empresas e a sociedade civil no debate climático de forma estruturada. "Os atores que não estão na mesa negociadora — empresas, governos estaduais e municipais, sociedade civil —, o que eles podem trazer para a mesa?", questionou.
Para responder a isso, a presidência criou um arcabouço temático com seis grandes eixos, incluindo energia, indústria, natureza e agricultura.
Um dos produtos mais visíveis desse trabalho é o "Celeiro de Soluções", plataforma digital que reúne iniciativas concretas implementadas ao redor do mundo — inclusive no Brasil — e que podem ser replicadas ou expandidas com apoio técnico e político. "O Celeiro de Soluções está on-line, com muitas dessas soluções que já existem."
A coordenadora reforçou que a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas deste ano será um marco, mas não um ponto final. "Isso não é um processo que acaba em Belém. A gente usa Belém como um marco, mas isso vai continuar ao longo do tempo. Isso é um esforço que precisa ser constante", arrematou.