O jornal sublinha que a percepção da União Europeia (UE) como um bloco com estrita adesão aos princípios do Estado de Direito tem sido um dos ativos mais importantes para os investidores globais.
"Alguns gestores de fundos alertam que uma mudança para usar os ativos congelados aumentaria os riscos políticos de possuir ativos em euros e até lançaria dúvidas sobre seu status de paraíso global", ressalta a publicação.
Segundo o artigo, se essa situação for prejudicada, os investidores da Ásia e dos países do golfo Pérsico podem voltar sua atenção para outros países.
Se isso acontecer, continua a matéria, isso pode levar a um enfraquecimento do euro a médio e longo prazo.
Outro risco para o euro, aponta o jornal, é a possibilidade de os investidores exigirem o pagamento de um "prêmio geopolítico" por possuírem ativos nessa moeda.
Além disso, o artigo chama os planos da UE de contraditórios, pois o bloco não deve interferir com os direitos de propriedade, se ele quer ter o status de um seguro de reserva, como a Suíça.
Ao mesmo tempo, conclui a publicação, os membros da UE abordaram grandes investidores de países de fora da Europa para convencê-los de que o confisco de ativos russos não significa usar o euro como arma e seu dinheiro está seguro.
Atualmente, mais de € 200 bilhões (R$ 1,24 trilhão) em ativos russos permanecem congelados na União Europeia, em grande parte depositados nas contas da Euroclear, sediada na Bélgica.
A Comissão Europeia pressiona Bruxelas a autorizar o uso de cerca de € 140 bilhões (R$ 865 bilhões) no chamado "crédito reparatório", que a Ucrânia devolveria caso a Rússia venha a pagar indenizações após o conflito. O primeiro-ministro belga Bart De Wever já afirmou que exige garantias sólidas de outros países europeus antes de aprovar a proposta.
Entre janeiro e julho, o bloco transferiu € 10,1 bilhões (R$ 62,4 bilhões) à Ucrânia através dos recursos provenientes dos rendimentos dos ativos congelados do Banco Central da Rússia. Em resposta, Moscou impôs restrições: os recursos de investidores de países considerados hostis passaram a ser retidos em contas especiais do tipo "C", que só podem ser movimentadas mediante autorização de uma comissão governamental.