O aumento de gastos com defesa é um assunto que retornou de vez às pautas governamentais por todo o mundo. Na última segunda-feira (8), Israel anunciou o aumento dos investimentos militares, enquanto Taiwan fez um pronunciamento sobre o mesmo assunto há cerca de duas semanas.
Em meados de 2025, os Estados-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) se comprometeram a gastar 5% do produto interno bruto (PIB) dos respectivos países em defesa — apenas a Espanha se negou a empregar o percentual em despesas militares.
O Brasil, por sua vez, não fica para trás nesta corrida armamentista mundial. Recém-aprovado no Congresso Nacional, o Projeto de Lei Complementar (PLP) 204/25 prevê um gasto de R$ 30 bilhões fora do teto para o custeio da defesa brasileira nos próximos cinco anos.
Com base nessa garantia de dezenas de bilhões de reais em investimentos, a Sputnik Brasil preparou uma lista com cinco das principais armas das Forças Armadas do país já produzidas nacionalmente.
Míssil antinavio Mansup
O Míssil Antinavio Nacional de Superfície (Mansup) é um armamento projetado especialmente para a Marinha do Brasil que está na fase final de desenvolvimento. Com custo estimado em US$ 75 milhões (R$ 407 milhões), foi elaborado em parceria pelas empresas brasileiras Avibras, Atech, Omnisys e SIATT.
O Mansup pesa 876 kg, tem alcance de até 70 km e pode viajar a 300 m/s. Disparada de navios, a arma é ideal para combates em mar aberto contra uma grande variedade de alvos móveis, de acordo com a SIATT.
A tecnologia do míssil, embora ainda em fase de qualificação — a última antes da produção industrial —, fez com que a EDGE Group, dos Emirados Árabes Unidos, entrasse no projeto para desenvolver o Mansup-ER, conforme noticiado pelo site especializado Defesa em Foco. A versão terá maiores alcance, velocidade e carga explosiva.
Sistema Astros II
O Astros II é um sistema de lançamento de foguetes de diferentes calibres montado em um caminhão 6 x 6 — veículo com seis pneus em que todas as rodas recebem tração do motor.
Desenvolvido pela Avibras, o Astros II é equipado com foguetes táticos AV-TM300 com alcance de até 300 km, permitindo que as Forças Armadas brasileiras possam atuar com grande poder de dissuasão a enormes distâncias.
Conforme publicado pelo g1, o sistema foi disparado pela primeira vez no mês de outubro, durante a operação Atlas, exercício que envolveu 10 mil militares da Força Aérea, do Exército e da Marinha.
Rifle de assalto IA2
O Exército Brasileiro tem como rifle de assalto padrão o IA2, fabricado pela Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel). Com configurações compatíveis com munição 5,56 mm e 7,62 mm (ambos calibres padrão OTAN), a arma pode ser utilizada tanto em operações de médio alcance quanto ações que exigem maior capacidade ofensiva.
O IA2 se destaca pela combinação de peso e resistência. Embora não ultrapasse os 4,5 kg, as ligas metálicas e materiais poliméricos utilizados em sua construção permitem operabilidade em climas extremos para uma arma, como a úmida Amazônia.
O rifle de assalto também conta com trilhos para a instalação de acessórios, como grips, lanternas e miras ópticas.
Míssil anticarro Max 1.2 AC
O MAX 1.2 AC é um míssil de superfície utilizado contra veículos blindados, o qual pode ser instalado em viaturas ou até mesmo carregado por tropas terrestres — equipado com míssil, tubo lançador e unidade de tiro, o armamento pesa 52 kg.
O sistema deriva de um projeto da empresa italiana Oto Melara que não foi aceito pelo Exército italiano. Em 1986, o Brasil absorveu o desenvolvimento e iniciou as pesquisas, comandadas pelo Exército Brasileiro e outras empresas nacionais do setor de defesa.
Em julho de 2025, o MAX 1.2 AC passou pelo processo de adoção do Exército Brasileiro, tornando-se o principal sistema de armas nacional contra blindados, segundo as Forças Armadas. O armamento, batizado em homenagem ao sargento Max Wolff Filho, tem um alcance de mais de 2 km e velocidade de 274 m/s.
Fuzil de precisão Imbel AGLC
O Imbel AGLC é o fuzil de precisão do Exército Brasileiro utilizado pelas equipes de caçadores — conhecidos fora do mundo militar como snipers. Comportando os calibres 7,62 x 51 mm OTAN ou .308 Winchester, a arma tem como característica a ação de ferrolho para a manipulação de cartuchos.
A arma foi desenvolvida em uma parceria entre militares da Academia das Agulhas Negras (AMAN) e a Imbel, atendendo a necessidades específicas das Forças Armadas nacionais que outras armas estrangeiras de precisão não supriam, em especial na região amazônica.
Com alcance máximo de 1 km, o Imbel AGLC, em serviço desde 1994, deve passar por atualizações em breve. A empresa responsável pela arma trará atualizações na coronha, no cano e no corpo da arma, assim como no gatilho. A expectativa é que, com as novidades, incluindo uma mira nova, o alcance efetivo (com precisão) suba de 500 metros para 800 metros.