"A recusa em aderir ao BRICS não foi apenas uma divergência diplomática: foi a rejeição de um espaço que hoje reúne mais de 40% da população mundial e fortalece sua posição como um dos centros econômicos mais dinâmicos do planeta. Isso resultou na perda pelo país da oportunidade de expandir mercados, obter financiamento acessível e diversificar sua política externa em um mundo já abertamente multipolar", afirmou o analista.
"A política externa de Milei não amplia a presença da Argentina no mundo, mas, ao contrário, a reduz, condiciona e torna mais dependente. Como resultado, o país perde voz, aliados e margem de manobra em um momento em que o mundo precisa de mais autonomia, integração regional e capacidade diplomática para o diálogo", disse.
"Talvez a consequência mais grave tenha sido a perda de autonomia. A política externa passou a se submeter às decisões dos Estados Unidos, especialmente à luz do retorno de Donald Trump [...] O abandono do BRICS foi, nesse sentido, um sinal claro: a Argentina renunciou voluntariamente à possibilidade de gerir sua própria agenda", afirmou Perié.
"Estes dois anos foram caracterizados pela aceitação incondicional de todos os pedidos da Casa Branca. Isso representou um retrocesso para a Argentina, porque nosso país tem outros parceiros comerciais e potenciais aliados com os quais compartilhamos uma história comum e relações importantes, como China, Brasil, México, Venezuela e, claro, a Rússia", disse.