Durante a visita do Presidente da Rússia Vladimir Putin ao Cairo foi celebrado um acordo para criação de uma zona de comércio livre entre o Egito e a União Econômica Eurasiática. Também foram assinados documentos para cooperação em diversas áreas. Está sendo planejada uma ampla participação de empresas russas na construção da primeira usina nuclear do Egito.
O presidente do Egito Abdel Fattah al-Sisi revelou em entrevista ao diretor-geral da agência de notícias Rossiya Segodnya, Dmitry Kiselev, as novas tendências políticas do Egito, os planos para a ampliação do Canal do Suez, e discorreu sobre o clima para os investimentos no país.
— A nova política externa do Egito, depois da “revolução de 30 de junho”, visa uma abertura a todas as forças de influência internacional, bem como aos países árabes e aos Estados africanos. Como explicar essas novas tendências?
— No dia 25 de janeiro, os egípcios começaram a alterar a realidade em que viviam – esse processo foi abrangente e eles tiveram sucesso em suas transformações empreendidas. O problema, porém, consiste no fato de outras forças terem aproveitado as alterações para tomar o poder sobre as tradições e o futuro dos egípcios. Os egípcios temiam pelo seu futuro e pela sua identidade e, no dia 30 de junho de 2013, iniciaram alterações que lhes devolveram o Egito e a sua identidade. Tomando o caminho em direção ao futuro, eles alcançaram o sucesso.
A política atual do Egito, tal como foi anunciado no meu discurso inaugural, consiste em estarmos abertos para o mundo no âmbito de um rumo que pressupõe moderação e obtenção de consensos, bem como a construção de relações sólidas com todos os países do mundo na ausência de polarização. Nós respeitamos os interesses das outras partes e queremos que os nossos também sejam respeitados. Não temos a intenção de prejudicar os interesses dos outros, nem queremos que os interesses dos outros prejudiquem os nossos. A nossa política visa o estabelecimento da compreensão mútua e da coexistência nas relações entre nós e outros países.
— Senhor presidente, poderia explicar os projetos mais importantes que o Egito está realizando e especialmente o projeto para desenvolvimento do Canal do Suez?
Não é um segredo que o projeto tem sido planejado há vários anos. Há precisamente três anos. Planejamos terminá-lo durante este ano, de forma a facilitar o comércio mundial do norte para o sul – entre a Ásia e a Europa. O alargamento do Canal do Suez permitirá, pela primeira vez, a passagem de um comboio de oito navios simultâneos, e reduzirá o tempo de travessia do canal de 11 para 8 horas – sem paradas, nem esperas. Ao mesmo tempo que um comboio de navios seguirá do norte, outro irá partir do sul, e eles não terão de parar. Antes, os navios que vinham do norte tinham de esperar que passassem os navios vindos do sul e vice-versa. O propósito é criar um corredor de navegação para o desenvolvimento do comércio internacional nos próximos anos.
— Como estão os preparativos para a conferência internacional de Sharm el-Sheikh, planejada para o mês de março?
— As posições do Cairo e de Moscou, relativamente a uma série de problemas regionais, são semelhantes em muitos aspetos. Isto se aplica ao combate ao terrorismo e à resolução do conflito na Síria. Quais seriam as outras questões regionais que o Egito e a Rússia poderiam discutir, ou mesmo, em quais temas poderiam cooperar para sua solução?
— Quanto à crise na Síria, somos contra qualquer possibilidade de escalação para além do nível atual da ameaça à segurança e à estabilidade na região do Oriente Médio. Somos obrigados a reconhecer que atualmente no território da Síria existe uma enorme quantidade de elementos terroristas e extremistas. Esses elementos, se não forem controlados agora na Síria, com tempo irão se alastrar para fora dela e, por isso, devemos sempre seguir no sentido de superar este cenário.