Enquanto o "quarteto de Normandia" acordou em se reunir esta quarta-feira em Minsk, a fim de discutir possíveis formas de sair da escalada do conflito militar no leste da Ucrânia, Stephen Lendman prevê que os EUA não vão abrir mão da sua ideia de desencadear uma guerra em larga escala na região.
Seja qual for o partido político no poder, os democratas ou os republicanos, Washington sempre quer a guerra, não a paz, afirma ele. "Na época posterior a 11 de setembro, não houve nem um único dia de paz. Inúmeras guerras têm sido travadas pelos EUA diretamente e por mãos alheias. As forças especiais dos EUA (sicários treinados) operam de forma sigilosa e aberta em mais de 130 países, semeando perturbações".
'Não liguem para o que a Alemanha e a França dizem em público; vejam o que fazem'
Lendman diz que "Merkel e Hollande (Alemanha e França) são os principais membros da OTAN, os pilares da aliança dominada pelos Estados Unidos". "Não liguem para o que a Alemanha e a França dizem em público; vejam o que fazem", aconselha. "Ao longo da crise ucraniana, (os líderes da Alemanha e França) não se têm atrevido a optar por uma via própria, contrária a Washington… nem o britânico David Cameron tampouco".
"Tenho certeza que Merkel e Hollande tentam fazer com que Putin obedeça em grande parte à vontade de Washington; em outras palavras, não fazem nada para afrouxar o seu abraço asfixiante na Ucrânia, incluindo a aproximação das forças da OTAN às fronteiras da Rússia".
Os EUA mantêm todo um império de bases aquarteladas em mais de 150 países, acrescenta, observando que a Rússia e a China são cercadas por cada vez maior número de bases norte-americanas, armadas, conforme o interlocutor da Sputnik, com "os chamados mísseis defensivos destinados a um objetivo ofensivo: atingir os pontos nevrálgicos" dos referidos países.
'A paz é anatematizada. O lobby pró-guerra dos principais banqueiros estadunidenses exige guerras'
O analista político enfatiza que as guerras são extremamente rentáveis. "O lobby pró-guerra dos principais banqueiros estadunidenses exige guerras. A paz é anatematizada por eles. Putin tem razão: A Rússia vem sendo alvejada por séculos, agora mais do que nunca desde o plano Barbarossa de Hitler".
Quanto ao papel que os EUA destinam à Rússia, Lendman prevê o seguinte.
"Washington quer saquear os recursos da Rússia", diz ele. "Submeter seu povo à exploração. Balcanizar o país, como a Jugoslávia, para facilitar o controle".
"A América depôs o governo legítimo da Ucrânia" dando um "golpe de Estado, o mais descarado na Europa desde a marcha de Mussolini sobre Roma, em 1922, com os bandidos neo-nazistas mandando as coisas", destaca Lendman, ao referir-se aos eventos do Maidan 2014 e classificando o governo pós-Maidan como oclocrático. "A política de guerra está sendo feita em Washington".
"A CIA, o FBI e as forças especiais dos EUA infestam Kiev: altos funcionários dos EUA, como Joe Biden, John Kerry, Victoria Nuland e John Brennan, aparecem lá para dar ordens de prosseguir a ofensiva".
"Os militares de Kiev são uma força que atua em nome e por encargo dos Estados Unidos", continua Lendman. "Um observador disse que a América vai fazer a guerra até o último ucraniano. O que está acontecendo é um pretexto para culpar Moscou pelos horrendos crimes contra a paz, cometidos em parceria pelos Estados Unidos e Kiev".
'Putin vai continuar fazendo o que é melhor para a Rússia'
"Putin vai continuar fazendo o que é melhor para a Rússia, não para a América nem outros países da OTAN", assegura Lendman. No entanto, o analista vê com muito pavor o evoluir da situação.
"Washington tem tentado provocar um conflito contra a Rússia ao longo de todo o mandato de Putin".
Lendman diz que o Congresso dos EUA demoniza Putin servindo-se de quase qualquer pretexto, ao tempo que a mídia norte-americana afundou até os piores padrões em sua vida. Ele teme uma possível guerra, instigada pelos EUA contra a Rússia, e suspeita que uma operação de bandeira falsa em larga escala possa ser usada como justificação.
"Tenho 80 anos. Nunca tive medo ao longo dos anos da Guerra Fria. Mas agora estou muito assustado ", conclui.