"Tanto a União Europeia quanto os EUA me entendem quando eu digo a eles que, se alguma coisa acontecer, a Bielorrússia vai estar ombro a ombro com a Rússia. Ela é nossa aliada. Permitam-me citar um exemplo: vocês se lembram dos bombardeios no Iraque? Alegou-se que armas nucleares haviam sido encontradas e Saddam Hussein foi enforcado. O mundo inteiro sabia que era injusto, que os EUA fizeram a coisa errada. Mas a Europa inteira e os países da OTAN apoiaram a América porque eles eram aliados. Todos devem ser informados de que nós sempre estivemos ao lado da Rússia e sempre estaremos. Nenhuma conversa ociosa acerca da Crimeia, nenhum desvio ou ajuste na política da Bielorrússia podem ser permitidos", sublinhou o chefe de Estado.
"Alguns estão descontentes com o fato de que Lukashenko não estará presente durante o desfile em Moscou em 9 de maio. Eles afirmam que a decisão foi motivada por considerações relativas à eleição presidencial. Que absurdo! Nós e a liderança russa concordamos que há somente dois países no mundo que consideram sagrada a Grande Vitória. Nós concordamos que, dado que a Bielorrússia vai organizar o seu próprio desfile e festividades, o presidente tem que estar com sua nação no país em 9 de maio. Ninguém pode substituí-lo a este respeito; o comandante-em-chefe deve inspecionar as tropas. Estaremos em Moscou em 8 de maio e comemoraremos devidamente o aniversário da Vitória", esclareceu o líder bielorrusso.
O chefe de Estado também comentou os recentes desenvolvimentos da situação na Ucrânia, ressaltando o papel que Minsk assumiu como uma “capital pacificadora”. Segundo ele, a iniciativa não se deveu apenas porque melhora a reputação do país, mas também porque a Bielorrússia foi de fato "arrastada para a guerra" no país vizinho.
"O principal é que a guerra hoje está em pleno andamento, não nas Colinas de Golã, na Líbia, no Iraque, onde eles estão bombardeando. Não é nem que a guerra esteja perto de nós. A guerra está bem aqui (…). E nós já fomos arrastados para ela", disse Lukashenko.
"Eu não quero que os bielorrussos vão para lá, para aquele banho de sangue, e morram lá. Isso só contribui para a escalada do conflito", acrescentou o presidente, sublinhando que, no entanto, a crise no leste da Ucrânia é problema também da Bielorrússia, e que, neste sentido, Minsk deve fazer todo o possível para impedir a escalada em Donbass, a fim de que a guerra não se espalhe sobre as fronteiras de outros países.
Lukashenko também lembrou que muito se tem escrito sobre as conversações de Minsk. "Houve um monte de zombaria”, disse ele, em referência às contínuas denúncias de violação do cessar-fogo em Donbass.
“Mas o fato de que eles pararam de usar armas de grande calibre, morteiros e artilharia, e de que milhares de pessoas não estão sendo mortas lá já é uma grande conquista da comunidade internacional, que chegou a um acordo aqui em Minsk”, concluiu o chefe de Estado.