Um dos textos afirma, de fato, que a reputação do bloco estará em risco se "for atribuída a perda de vidas, correta ou incorretamente, à ação ou inação por parte da força da UE".
Os documentos vazados também revelam planos para realizar operações militares com o objetivo de destruir, em território líbio, os barcos usados no transporte de imigrantes ilegais, a fim de impedi-los de chegar à Europa.
RELEASE: Classified EU plan for military intervention against refugee boats in #Libya https://t.co/AUrCEdbcK1 pic.twitter.com/j351QYjeFc
— WikiLeaks (@wikileaks) 26 maio 2015
Destaca-se que o comitê militar da UE deve considerar "toda a gama de recursos de vigilância, inteligência e informação disponível para os Estados membros e parceiros", sendo apoiado por Bruxelas – particularmente, pelo Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE) e pelo Centro de Análise de Inteligência da UE.
Todo ano, milhares de refugiados dos conflitos na Síria, na Eritreia, no Afeganistão e na África do Norte tentam completar a perigosa travessia do Mediterrâneo com a expectativa de conseguir uma vida melhor na Europa. A maioria parte da Líbia, onde traficantes de pessoas ganham dinheiro explorando o desespero dos imigrantes.
Também é revelado o reconhecimento de que a força militar da UE poderia ser usada contra grupos como o Estado Islâmico (EI) "dentro do território soberano da Líbia".
"A ameaça para a força deve ser reconhecida, especialmente durante atividades como o embarque e quando estiver operando em terra ou nas proximidades de um litoral desprotegido, ou durante a interação com navios sem condição de navegabilidade pelo mar. A potencial presença de forças hostis, extremistas ou terroristas, tais como o Da'esh [outra denominação do EI], também deve ser tomada em consideração", recomenda o documento.
Os líderes políticos europeus estão sendo acusados de ter sangue nas mãos desde o dramático retrocesso nas operações de busca e salvamento que impediam centenas de imigrantes de se afogarem no Mediterrâneo. No entanto, parece que a estratégia militar da UE pode vir a ter um legado semelhante. Os papeis vazados pelo Wikileaks evidenciam o foco que as autoridades de defesa do bloco dão à necessidade de concentrar sua retórica na quebra do tal "modelo de negócios dos contrabandistas de imigrantes", e não na urgência de salvar vidas humanas.
"A estratégia de informação deve evitar sugerir que o foco é resgatar os imigrantes no mar, mas enfatizar que o objetivo da operação é interromper o modelo de negócios do tráfico de imigrantes", afirma o documento.
CONFIRMED: EU forms naval op in Mediterranean targeting refugees trafficking (via @wikileaks) http://t.co/6fC6blz4be pic.twitter.com/Bc0jzaZVdT
— RT (@RT_com) 26 maio 2015
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, estará em Bruxelas esta semana e se reunirá amanhã (27) com a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.