Porém, o político português opina que isto não é a única consequência negativa das novas medidas de austeridade:
“O plano que está previsto de privatizações irá seguramente alienar todo o patrimônio que pertence hoje ao povo grego”.
Morais opina que “foi isso que aconteceu nos últimos anos em Portugal <…> As empresas foram vendidas a qualquer preço, a saldo”.
“Eu acho que os políticos gregos deveriam vir visitar Portugal e ver as consequências terríveis do aumento de impostos, da recessão, das privatizações mal feitas”, insiste o político.
Para ele o plano grego é tão ruim que, apesar das dificuldades atuais, o povo grego ainda vai experimentar muitas mais dificuldades.
“Há uma empresa estrangeira que controla as principais entradas na capital do país – isto do ponto de vista da defesa nacional é até perigoso”.
Comentando a recente aprovação por parte do Parlamento grego nesta quarta-feira (15) o acordo alcançado nesta segunda-feira com os líderes da zona do euro, o candidato à presidência portuguesa disse que “ontem na Grécia foi dado um grande golpe na democracia europeia e ocidental”.
Segundo Morais, a vontade do povo grego que no referendo de 5 de julho disse “não” às medidas de austeridade foi completamente desrespeitada. Ele acha que a decisão mais justa para o próprio primeiro-ministro grego Alexis Tsipras será agora sair porque ele agora implementa o contrário do que sempre defendeu:
“Isso não é democracia”, conclui Morais.
Lembramos que Tsipras chegou ao poder através de promessas de acabar com a política de austeridade.
“Não foi o povo grego que decidiu que os governos devem ser corruptos”.
Tocando na questão de possibilidade de repetição da situação vivida pela Grécia em Portugal, Morais disse que uma crise semelhante em Portugal já aconteceu, só que a crise grega foi mais grave.
“O que aconteceu na Grécia, já aconteceu em Portugal e não vai acontecer em Portugal [de novo]. Porque os efeitos negativos que a Grécia vai agora experimentar, nomeadamente o aumento de impostos, aumento de desemprego e recessão, esses efeitos em Portugal nós já temos sentido nos últimos anos”.