O economista francês Pascal Salin declarou à Sputnik que não ficou surpreendido com a notícia, mas pôs em questão a decisão de avaliar a situação em toda a Europa:
“Parece-me duvidoso criar um ranking para toda a União Europeia, porque dentro dela existe a grande variedade de situações. É bastante legítimo avaliar possibilidades de um país de pagar a dívida, mas acho duvidoso fazer o mesmo em relação a toda a União Europeia.”
Enquanto isso, a S&P reafirmou os ratings de emissor e de dívida de longo prazo AA+ e de curto prazo A-1+. O site da agência divulgou:
“Os mecanismos de financiamento da UE são sofisticados. Os seus passivos ultrapassam substancialmente os ativos (em €58 bilhões nos finais de 2014).”
A S&P explicou que o Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia prevê a obrigação de todos os países-membros de pagar as dívidas (artigos 310.1 e 320). As conclusões da agência tiveram em conta as dívidas de tais países como a Grécia, que enfrenta a moratória e Portugal, juntamente com a Irlanda, países nos quais 78% dos empréstimos concedidos tiveram origem na UE.
“O pressuposto básico — a prioridade de pagamentos da dívida face aos gastos correntes – é a chave para ser considerado no ranking.”
Pascal Salin avaliando a situação com o ranking e com a economia europeia em geral, disse:
"Acho que no início da integração europeia foi cometido um erro – o desejo de criar uma nação europeia. Acho que seria melhor garantir a liberdade de comércio entre os países europeus, mas com os estrangeiros também. Ao mesmo tempo, manter em cada país órgãos de poder com a sua própria política monetária e econômica."
Axel Berger, economista, pesquisador do Instituto alemão de Política do Desenvolvimento, comentou o assunto à Sputnik:
“O tratado pode ter consequências positivas bem como negativas. Se entre a UE e os EUA forem estabelecidos impostos baixos, poderá acontecer o efeito de economias desiguais. Isso significa que a economia de um país que não assinou o tratado e que faz fronteira com um país-membro da união aduaneira, poderá sofrer danos. O que, por seu turno, poderá levar outros países-membros da união a fazer mais comércio entre si e menos – com outros países.”
Entenda a legislação europeia: extratos do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia
310.1
Todas as receitas e despesas da União devem ser objeto de previsões para cada exercício orçamental e ser inscritas no orçamento.
O orçamento atual da União é elaborado pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho, nos termos do artigo 314.
As receitas e as despesas previstas devem estar equilibradas.
320
O Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão velam pela disponibilidade dos meios financeiros necessários para permitir que a União cumpra as suas obrigações jurídicas para com terceiros.