Em nome da poderosa indústria farmacêutica norte-americana, os EUA não admitiram o encurtamento do período de 12 anos para o monopólio de medicamentos biológicos da próxima geração, encontrando uma tenaz oposição dos outros países envolvidos nas negociações, particularmente, da Austrália, do Chile e da Nova Zelândia.
O prazo de monopólio das patentes, neste setor, é considerado essencial pelas empresas para incentivar a pesquisa e a inovação, mas outros países preferem privilegiar políticas públicas de facilitação do acesso popular a medicamentos, ao invés de proteger apenas os interesses financeiros do lobby farmacêutico.
Os detalhes do TTP, que ambiciona se tornar o mais amplo tratado de livre comércio da atualidade, abrangendo 40% da economia global, ainda não foram tornados públicos, mas estima-se que os EUA esperavam ganhar US$ 77 bilhões e o Japão, US$ 105 bilhões, anualmente.
O ambicioso acordo, que por ora não inclui a China, é a principal iniciativa de Obama na Ásia e uma de suas maiores bandeiras para a próxima corrida presidencial dos EUA. Um eventual acordo serviria, para Washington, como forma de contrabalançar a influência de Pequim na região, tendo em vista que a economia chinesa se baseia fortemente nas exportações.
Além do Círculo do Pacífico, os interesses norte-americanos pelo livre comércio global também recaem atualmente sobre o eixo do Atlântico, por meio do controverso Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP).
No entanto, as negociações tem se desenvolvido sob sigilo, sem consultas à sociedade civil, e pela falta de transparência vêm alimentando temores de que o tratado possa entregar prerrogativas do controle estatal sobre a economia e a propriedade intelectual nas mãos das grandes corporações internacionais, em detrimento dos interesses e direitos dos povos europeus.
A situação é especialmente complicada devido ao delicado momento vivido pelo bloco, que atualmente enfrenta a ameaça da saída da Grécia e a crise dos imigrantes.