“O PT exorta todos os seus militantes a construírem uma trincheira de luta pela democracia, pelos direitos dos trabalhadores/as, pelos direitos humanos, em defesa da Petrobras e do povo brasileiro. Que ninguém se cale! Levantemo-nos juntos!”, diz o texto da resolução publicada ontem.
Na segunda-feira (3), segundo fontes da agência Estado, Cunha se encontrou com aliados do PSDB, do DEM e do Solidariedade para discutir como a pauta do impeachment poderia ser avançada sem comprometer diretamente o presidente da Câmara, suspeito de ter recebido R$ 5 milhões em propina, segundo recente delação do consultor Júlio Camargo no âmbito da Operação Lava Jato.
Em entrevista exclusiva à Sputnik, Carlos Henrique Árabe, Secretário Nacional de Formação Política do PT, falou sobre a convocatória dirigida aos militantes do partido, a onda reacionária na América Latina, a política para a educação do governo Dilma e o atentado contra a sede do Instituto Lula, atingido por uma bomba caseira no último dia 30 de julho. A seguir, a entrevista na íntegra:
Sputnik: Ontem (4), a Comissão Executiva Nacional do PT convocou uma Jornada em Defesa da Democracia. Por que convocar este evento, neste momento, é importante?
Carlos Henrique Árabe: Em primeiro lugar, esta jornada já está em andamento com a convocação dos movimentos sociais de diversas mobilizações em defesa da democracia e dos direitos econômicos e sociais dos trabalhadores e do povo. Por que isso ocorre neste momento? Porque há ameaças de direita no Brasil, de caráter golpista, no sentido de tentar impedir o governo da Presidenta Dilma e no sentido até de tentar um golpe autoritário contra o governo.
Como os movimentos sociais entendem que os movimentos da direita buscam instaurar um regime autoritário e, ao mesmo tempo, destruir todas as conquistas dos últimos doze anos, os movimentos sociais estão agindo em autodefesa e em defesa da democracia. O Partido dos Trabalhadores convoca os seus militantes, seus filiados e seus eleitores para engrossar essas jornadas que já estão em andamento: este é o sentido da convocação do PT.
S: O senhor diria que essa onda conservadora que ocorre no Brasil faz parte de um esforço midiático espelhado em outros países da América Latina?
CH: A nossa avaliação é que isso faz parte de uma contraofensiva conservadora do que podemos chamar de um poder internacional, ligado ao grande capital, aos interesses dos bancos, e associado ou articulado aos Estados Unidos.
S: Uma das principais pautas do governo Dilma é em favor de uma “Pátria Educadora”. No dia 14 de agosto, dentro do contexto dessa convocação à Jornada em Defesa da Democracia, haverá um Ato Nacional pela Educação. No entanto, uma das críticas que se fazem ao atual governo diz respeito aos cortes nesta área. Como o senhor encara esta situação?
CH: O dia 14 vai ser um momento importante de debate, de defesa das nossas conquistas na Educação, e nós temos certeza que se houver restrições de gastos, o governo vai rever. Porque o objetivo é avançar a partir das conquistas que nós já temos.
S: O senhor tem algum prazo estimado para a retomada dos investimentos em Educação, após essas “restrições temporárias”?
CH: A ideia é que não haja interrupção. Em situações de governo, muitas vezes há um setor, digamos assim, “mais realista que o rei”. Então, neste caso, se houver restrições impostas pelo setor da Fazenda, elas serão removidas por decisão do governo, em diálogo com o movimento da educação.
S: Em relação ao atentado ocorrido contra o Instituto Lula, a resolução da Comissão Executiva Nacional do PT do dia 4 diz que foi um atentado de caráter fascista. O senhor pode comentar essa declaração?
Sim. Acho muito importante a sua questão. Em primeiro lugar, foi um atentado com material violento, e é importante lembrar que ao lado do Instituto Lula fica a sede de um hospital. Nem isso essa direita considera.
É um atentado visando o Presidente Lula: nós não achamos que é um atentado contra a parede, é um atentado contra o Lula, e entendemos que é um atentado contra a esquerda.
Que ninguém se omita. Que nos levantemos. Que não aceitemos. Não é só o PT que está em jogo. O que está em jogo são as liberdades democráticas no Brasil. No Brasil e na América Latina.