Em nosso país, a Associação Hibakusha Brasil pela Paz, fundada em 1984 por sobreviventes que migraram para o Brasil e se uniram com o objetivo de solicitar ao governo japonês alguns benefícios, como assistência médica, continua atuante. Segundo uma das diretoras da Associação, a professora de História Yasuko Saito, que nasceu no Japão dois anos depois das bombas de Hiroshima e Nagasaki, a assistência para as vítimas só era concedida aos sobreviventes que moravam no Japão. “Para aquelas vítimas que por vários motivos saíram do país após a guerra, o Governo japonês negava esse auxílio. A nossa luta então começou naquele momento.”
De acordo com a professora, o pai se lembra muito bem do momento do ataque e diz que um dos motivos de ter se salvado é porque estava fardado com roupas pesadas. “Agosto no Japão é uma época muito quente, e muitas pessoas, civis, estavam com camisas leves, mas ele não”, diz Yasuko Saito. “Ele estava muito bem fardado, uniforme pesado, de chapéu, e de costas para o epicentro. E diz que se salvou por causa disso. Meu pai foi arremessado por vários metros, e quando levantou os olhos viu que à curta distância as casas e escolas estavam sendo esmagadas como pisadas por um gigante. Depois vieram a escuridão e o silêncio. Quando ele se levantou minutos depois, chamou pelas pessoas que estava liderando, alguns responderam, mas outros, não. Por três dias ele ainda ficou na cidade, tentando socorrer e fazendo o que podia. No terceiro dia, um médico mandou que ele fosse para um hospital improvisado fora da cidade, porque os ferimentos dele já estavam muitos graves.”
O pai de Yasuko, Takashi Morita, está com 91 anos e é um comerciante estabelecido em São Paulo que até hoje faz questão de passar sua história como sobrevivente para que as tragédias de Hiroshima e Nagasaki não mais se repitam no mundo. E Morita foi convidado pelas autoridades japonesas a participar da cerimônia dos 70 anos da bomba atômica em Hiroshima.
Em São Paulo existe ainda a Escola Técnica Estadual Takashi Morita, que tem como objetivo ser um símbolo de entidade que trabalha para a divulgação dos efeitos nocivos da radiação.