Recentemente, no Fórum Econômico de Vladivostok, o Presidente Putin surpreendeu, dizendo que a Rússia não considera nada dramática a queda do preço do petróleo, e declarou adiante: "A nossa linha geral não está sendo baseada na queima de reservas internacionais ou no uso das fontes do orçamento para manter a nossa indústria. O nosso objetivo é ampliar a liberdade de empreendedorismo e diminuir cada vez mais a influência da burocracia para o nosso sistema econômico." Só para lembrar, as reservas internacionais da Rússia representam US$ 366,36 bilhões, de acordo com o Banco Central do país (01/09/2015), e não demonstram nenhuma tendência para queda.
Vamos analisar duas indústrias estratégicas para o bem-estar do país – de petróleo e agronegócios. A primeira, porque 50% do PIB do país ainda dependem dela, e a segunda, porque até pouco tempo atrás 75% dos alimentos dos russos eram importados. Em relação à indústria petrolífera, podemos concluir que a recente desvalorização do rublo acabou sendo um fator positivo, porque permitiu compensar a queda dos lucros da exportação do petróleo. Como resultado, a queda de preços no mercado de petróleo e as sanções, em conjunto, não conseguiram produzir na prática um grande efeito negativo para as companhias petrolíferas russas.
A edição russa Gazeta.com cita o relatório do analista da Bloomberg Intelligence Philip Tchladek em que ele menciona que praticamente todas as companhias petrolíferas russas demonstram rentabilidade muito mais alta em comparação com suas análogas europeias. De acordo com Igor Sechin, presidente da Rosneft, o preço de custo da produção de petróleo da sua companhia representa US$ 4,2 por barril, em comparação com os US$ 27 da Exxon Mobil.
Situação interessante pode ser observada ao analisar as notáveis mudanças na agricultura russa. De maneira impressionante, o país está realizando com sucesso projetos de substituição de produtos importados pela produção nacional. Em recente entrevista para o jornal russo “Komsomolskaya Pravda”, o ministro da Agricultura russo Aleksandr Tkachev declarou: "Daqui a uns 5 a 7 anos nós vamos praticamente parar de depender dos produtos importados."
A produção de trigo bate recordes ano após ano e coloca o país na relação dos cinco principais produtores e exportadores mundiais. Cresce em mais de 40% a produção de soja no país – o elemento estratégico para alimentação de animais. Aumenta permanentemente o apoio do Estado para o setor. Se em 2010 foram investidos 111 bilhões de rublos, em 2015 este número cresceu para 222 bi. É óbvio que aqui também existem problemas, mas os resultados alcançados não deixam de impressionar.
Dois casos, dois setores diferentes da economia. Nem tudo é tão simples como parece. Nem para o mal, nem para o bem.
A presidente do Parlamento russo, Valentina Matvienko, disse recentemente que as sanções econômicas, por incrível que se possa imaginar, fizeram bem à Rússia, fazendo com que o país aceite o desafio. É difícil não concordar. As mulheres sempre têm razão.