"Em realidade, os EUA se sentem desconfortáveis com o fato de que a Rússia tenha atraído a atenção mundial para a hipocrisia da coalizão antiterrorista – que levou a cabo uma guerra simulada contra o Estado Islâmico por mais de um ano", provocou Afghahi.
A análise ecoa um comentário feito no início do mês pelo presidente do Comitê para Assuntos Internacionais da Duma (câmara baixa do parlamento russo), Aleksei Pushkov. No Twitter, o deputado insinuou que as reclamações de Washington a respeito dos alvos atacados pela aviação russa encobriam uma verdade embaraçosa para o governo norte-americano:
“Os EUA criticam a Rússia pelos "objetivos indiscriminados" na Síria. O que impediu os EUA durante um ano inteiro de escolher alvos precisos ao invés de bombardear o deserto em vão?!”, questionou Pushkov.
Afghahi também comentou as alegações da Casa Branca de que a Rússia estaria conduzindo ataques aéreos contra grupos armados que os EUA não consideram terroristas, e classificou como mentiras os relatos da grande mídia ocidental sobre vítimas civis nos ataques russos. No início da semana, o cientista político expressou sua posição à Sputnik da seguinte maneira:
“Todos os serviços secretos militares da OTAN e dos EUA, através dos seus satélites e outros canais de comunicação, sabem quais os locais exatos onde a Força Aérea russa realiza ataques na Síria. Mas nunca faltam oportunidades de desacreditar o prestígio e o sucesso da operação aérea da Rússia aos olhos da comunidade internacional. Eles mesmos mentiam ao mundo inteiro e não conduziam uma luta séria contra o Estado Islâmico na região, mas sim realizavam ataques aéreos simbólicos e sem objetivo, alegadamente contra posições de terroristas, para distrair a atenção. Isto não deu resultados. Ao contrário, o EI fortalece-se a cada dia e vai crescendo. A ideologia e os adeptos deste grupo terrorista já chegaram à Europa. Isto nos diz somente que os EUA sofreram um fiasco total na luta contra o Estado Islâmico, ou então todas as declarações eram blefe e política de duplos padrões”.
Mas é mais do que isso: segundo afirmou o Presidente Vladimir Putin em declaração recente, as políticas dos EUA são errôneas e não apenas contradizem os interesses da Rússia, mas também minam a confiança entre os dois países e prejudicam, dessa maneira, os interesses dos próprios EUA.
“Ações unilaterais, na contínua busca pela próxima ‘aliança’ e coalizões que são predeterminadas… Isto não é um método que procura discutir e concordar sobre bases mútuas de entendimento”, criticou Putin, ressaltando que essas ações unilaterais “levam a crises”.
Segundo o chefe de Estado russo, a posição norte-americana não se baseia nos fatos e ignora, portanto, que a estratégia de financiar, armar e treinar facções “moderadas” da oposição armada na Síria é totalmente desastrada, na medida em que a moderação é um conceito fluido demais entre mercenários e só se sustenta até o momento em que a perspectiva de lutar ao lado dos terroristas passa a ser mais lucrativa do que a de seguir as instruções do Pentágono.
“Quem na Terra os armou? Quem armou os sírios que estavam litando contra Assad? Quem criou o clima político-institucional necessário que facilitou esta situação? (…) Vocês realmente não entendem quem está lutando na Síria? Eles são mercenários, a maioria. Vocês entendem que eles são pagos em dinheiro? Mercenários lutam para qualquer lado que pague mais”, afirmou Putin, acrescentando que inclusive sabia as quantias pagas aos rebeldes sírios supostamente moderados.