Terceiro colocado nas pesquisas pode definir eleições presidenciais na Argentina

ENTREVISTA COM EDUARDO HELENO 2 DE 22-10-15
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No domingo, 25, a Argentina terá o primeiro turno da eleição presidencial. Os candidatos mais fortes são o atual governador da Província de Buenos Aires, Daniel Scioli, o prefeito da Cidade de Buenos Aires, Mauricio Macri, e o ex-chefe do gabinete da Presidente Cristina Kirchner, entre os anos de 2008 e 2009, Sergio Massa.

Segundo as últimas pesquisas, Daniel Scioli tem cerca de 38% da intenção de votos, contra 25% de Mauricio Macri e 20% de Sergio Massa.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o professor de Política Internacional do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense, Eduardo Heleno, chama a atenção para o papel que Sergio Massa poderá ter para definir o primeiro turno da eleição presidencial na Argentina:

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“Nós temos um componente nessa eleição que é o Sergio Massa, que assim como Scioli também é ligado ao peronismo. Macri é mais ligado ao bloco conservador. Massa tem um papel importante porque ele concentrou em torno de 10% dos votos nas últimas primárias realizadas, e esses 10% são importantes porque podem definir o primeiro turno das eleições.”

O professor explica que, pela legislação argentina, para que o candidato saia vencedor ele deve atingir 45% dos votos, ou, então, conquistar 40% dos votos e ainda ter uma diferença de 10 pontos percentuais em relação ao segundo candidato. Se não houver definição de vencedor no primeiro turno, no dia 22 de novembro será realizado o segundo, que provavelmente deverá ser entre Scioli e Macri.

Sobre uma possível aliança entre Mauricio Macri e Sergio Massa para garantir a vitória no segundo turno, o especialista em política internacional não acredita nesse apoio de Massa, já que ele também é peronista como Scioli.

“Fica muito difícil ter essa aliança bem clara, porque Massa também é peronista, e aí se tem uma frase falada pelo próprio Perón, que diz que os peronistas são como gatos – quando parece que eles estão brigando, estão na verdade se reproduzindo. O próprio Néstor Kirchner e o Carlos Menem mostram isso. Eles tinham duas linhas, mas então Menem acabou renunciando e Kirchner assumindo. Num panorama, se houver um segundo turno, poderemos ver os pontos em comum da candidatura de Massa com a candidatura de Scioli, ou os pontos em comum entre Massa e Mauricio Macri.”

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O Professor Eduardo Heleno ressalta que os três candidatos, de certa forma, têm procurado manter um discurso semelhante em suas propostas de governo, no que diz respeito à redução de impostos e à reformulação de alianças.

O especialista também concorda com as especulações de algumas correntes políticas de que Daniel Scioli, que é o candidato do Governo, não é o candidato dos sonhos da Presidente Cristina Kirchner.

“Eu acredito que ele é o candidato necessário”, diz Eduardo Heleno. “Cristina conseguiu manter como candidato a vice do Scioli o Carlos Zanini, este, sim, um declarado kirchnerista, mas Scioli tem também o seu capital político. Ele seria o mais próximo de Cristina e daquilo que o kirchnerismo trouxe para a Argentina, em termos de política social, de proteção às populações que têm menos renda e da tentativa de manter o Estado como guia da economia.”

Segundo Eduardo Heleno, seja quem for o novo presidente da Argentina, vai ter pela frente três desafios: como atrair investimentos estrangeiros, como promover o crescimento econômico e como manter um bom nível de emprego.

Em relação a um dos assuntos em debate no momento na Argentina – a atual desvalorização da política cambial do país, com a queda do peso em relação às demais moedas, sobretudo o dólar, e quais seriam as ideias dos três candidatos à Presidência sobre o assunto –, o especialista diz que existem duas propostas em especial dos partidos de oposição em relação à política cambial.

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“Tanto Massa quanto Macri defendem que haja uma política cambial que permita apenas uma cotação, um câmbio unificado, que seria de US$ 1 valendo em torno de 12 a 13 pesos. Hoje, na Argentina, há cinco cotações para o dólar – o oficial, o paralelo, o indexado para os investimentos em poupança com validade de até um ano, o dólar turismo e o dólar para a transação na Bolsa –, e isso faz com que haja uma certa dificuldade até para atrair investimentos estrangeiros. Em relação ao candidato Scioli, não foi falado claramente em termos de câmbio unificado e sim de continuar a política atual do Governo.”

O professor analisa ainda o estreitamento da relação entre Argentina e Rússia, e se ela vai continuar com o novo presidente. Nesta semana, os dois países rememoraram o aniversário de mais de 130 anos de estabelecimento de relações diplomáticas, e há uma série de acordos em vigor entre Cristina Kirchner e o Presidente Vladimir Putin. 

De acordo com Eduardo Heleno, Putin falou sobre isso com Cristina nesta semana, e a presidente argentina garantiu que os acordos serão mantidos.

“Ela respondeu que sim, que espera que Scioli ganhe para que esses acordos sejam mantidos. Os acordos vão desde a área comercial até a área estratégica, à troca de tecnologia em energia nuclear, ao monitoramento do espaço. O que é importante para a Argentina é o seu papel de inserção internacional, que é um papel parecido com o do Brasil, que procura manter ampla negociação com vários atores.”

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