“Também poderiam ser muitos tentáculos do ditador mundial postos em ação ao mesmo tempo", disse o analista, se referindo aos EUA.
"Entendamos um ponto claramente: enquanto Washington estiver vivo, ou seja, economicamente ainda funcionando, respirando pesadamente, mas ainda funcionando – enquanto este for o caso, o centro de comando das operações corporativas e militares, Washington-Pentágono, não vai largar a Síria, o Irã, o Iraque – e o resto do Oriente Médio e do Norte da África", escreveu Koenig.
O economista sugeriu que os esforços do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, para arranjar uma nova rodada de negociações de paz sobre a Síria em Viena foram absolutamente vãos, uma vez que a parte mais interessada na questão – isto é, a própria Síria – não foi convidada a participar da reunião.
"Como pode uma conferência internacional discutir o destino de um país que nem sequer é convidado a participar?", perguntou-se o analista, descrevendo a situação como “um tapa na cara da democracia, dos direitos humanos, de qualquer nação soberana – um tapa na cara de qualquer senso comum”.
Classificando toda essa conjuntura como uma “farsa”, o economista afirma que, na verdade, Washington espera conseguir um cessar-fogo apenas como uma solução provisória, para que a Força Aérea da Rússia pare de atacar os terroristas na Síria e, assim, “o ‘Mestre’ [ou seja: os EUA], a OTAN e os seus fantoches possam se reagrupar e pensar novas estratégias", enquanto o Estado Islâmico, por sua vez, ganha um tempo para respirar e se reabastecer.
Koenig também observou que as “negociações de paz” podem se arrastar por anos a fio, à semelhança do que foi feito com o Irã durante as negociações do acordo nuclear – quer dizer, afirmando-se uma ameaça nuclear imaginária que nunca existiu.
Segundo Moscou, os objetivos da Rússia na Síria são absolutamente claros e transparentes: a Força Aérea russa está ocupada em erradicar o terrorismo na região.
Ao mesmo tempo, os planos de Washington são mais complicados, de acordo com Koenig. Os EUA estariam tentando caotizar toda a região do Oriente Médio e do Norte da África, a Síria sendo a próxima da fila, para formar um cenário similar ao da Líbia e do Iraque – “todos com riquezas em petróleo e gás", segundo ressaltou o analista.
"O cerne da questão não é o domínio da região unicamente pelo petróleo ou pelo poder – mas por razões econômicas. A Síria é um elo crucial para os gasodutos abastecerem a Europa e o sul da Ásia com energia do Irã – e com energia que não pode ser faturada em dólares, mas em euros, rublos, yuans ou qualquer outra moeda que os parceiros comerciais participantes possam querer utilizar. Trilhões de dólares atualmente em necessidade e circulação vão se tornar supérfluos", explicou Koenig.
“Por que eles [os EUA] se acanhariam em continuar aplicando as mesmas táticas diabólicas para alcançar o seu objetivo na Síria – e, finalmente, sobre toda a região do Oriente Médio e Norte da África – e no mundo inteiro? Washington tem um histórico terrível em falsas bandeiras, incluindo o Golfo de Tonkin e a Baía dos Porcos, para não falar do 11 de setembro”, alfinetou.
Apesar de tudo, diz Koenig, nem a Rússia nem a Síria vão ceder aos projetos belicistas de Washington. O futuro da Síria, afinal, deve ser e será definido por seu próprio povo, como tem afirmado o presidente russo Vladimir Putin, segundo citado pelo analista no artigo do Global Research.
“Não há motivo de desespero. A Rússia não vai desistir, muito menos se render. Há muito em jogo para a Rússia também. Além de apoiar o soberanamente eleito Bashar Assad, o porto sírio de Latakia é uma das principais bases mediterrânicas da Marinha russa. Ele seria perdido se a Síria fosse pelo caminho da Líbia e do Iraque. Isso não pode acontecer. O líder da Rússia é um estadista de primeira classe, um diplomata – e um excelente jogador de xadrez”, concluiu Koenig.