De acordo com o especialista, em meio às operações russas, iranianas e curdas na Síria e no Iraque, o equilíbrio de poder no Oriente Médio pode mudar a qualquer momento, garantindo o retorno do Irã à arena.
Para Lombardi, o poder da Arábia Saudita, sua influência relativa e também a sua própria existência como Estado têm sido garantidos pelo petróleo e por seu status de guardiã dos lugares sagrados de Meca e Medina.
Com o encolhimento das receitas do petróleo, somado ao investimento nulo nas áreas acadêmicas e tecnológicas, além de uma crise de água sem precedentes e do retorno do Irã ao palco internacional, Riad tem motivos de sobra para estar se sentindo pouco à vontade, diz o analista.
"Como a religião xiita, que é uma religião muito organizada e hierarquizada, a nação multimilenar [Irã] também oferece a imagem de uma nação homogênea, estável, pragmática, disciplinada, também rica em petróleo e que, por sua vez, também forma engenheiros!", observa Lombardi, acrescentando que "para alguns, uma aliança com o Irã pode, portanto, substituir a aliança com a Arábia Saudita, cujo futuro é incerto. Os russos e, agora, os americanos, compreenderam isso. E mesmo que eles não gritem isso aos quatro ventos, os israelenses também estão bem conscientes".
Portanto, o "negócio" entre a Rússia e a Arábia Saudita parece bastante claro, afirma Lombardi. "Da parte de Riad, um aumento dos preços do petróleo, provavelmente acompanhado pela compra de armas e de seu consentimento para permitir que o presidente [sírio Bashar] Assad permaneça temporariamente no poder".
"Da parte de Moscou, mais cooperação com a Arábia Saudita na crise síria, em particular durante o período de transição política e, finalmente, uma forma de ‘direito de controle’ para os sauditas no que se refere à venda de armas para o Irã (como já é o caso com Israel)", opinou o analista.
"Certamente, o intenso balé diplomático do Kremlin e de seus diplomatas fará história nos anais das relações internacionais", conclui Lombardi.