‘Intenso balé diplomático do Kremlin no Oriente Médio fará História’, diz analista francês

© AP Photo / Rob Griffith,PoolPresidente russo Vladimir Putin com o então príncipe herdeiro Salman bin Albdulaziz Al Saud, atual rei saudita, em sessão plenária da cúpula do G-20 na Austrália, em 15 de novembro de 2014
Presidente russo Vladimir Putin com o então príncipe herdeiro Salman bin Albdulaziz Al Saud, atual rei saudita, em sessão plenária da cúpula do G-20 na Austrália, em 15 de novembro de 2014 - Sputnik Brasil
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Uma possível visita à Rússia até o final do ano por parte do rei saudita Salman bin Abdulaziz significa uma mudança radical no equilíbrio de poder do Oriente Médio e indica o protagonismo de Moscou na região, de acordo com o especialista em Oriente Médio Roland Lombardi.

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Em entrevista ao site de notícias francês Atlantico, o analista afirma que a Arábia Saudita parece estar perdendo sua posição na região: sua política de apoio a islamitas desde a infame Primavera Árabe virou um fiasco, e sua intervenção no Iêmen é um desastre. Além disso, as últimas iniciativas do reino no mercado europeu de petróleo (tradicionalmente dominado por fornecedores russos), como resposta ao crescimento das vendas de petróleo russo para a China, parecem ter poucas consequências de longa duração. 

De acordo com o especialista, em meio às operações russas, iranianas e curdas na Síria e no Iraque, o equilíbrio de poder no Oriente Médio pode mudar a qualquer momento, garantindo o retorno do Irã à arena.

Para Lombardi, o poder da Arábia Saudita, sua influência relativa e também a sua própria existência como Estado têm sido garantidos pelo petróleo e por seu status de guardiã dos lugares sagrados de Meca e Medina.

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No entanto, de acordo com um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), as reservas de caixa do reino saudita estão caindo a um ritmo surpreendente e só deverão resistir a mais cinco anos, no máximo.

Com o encolhimento das receitas do petróleo, somado ao investimento nulo nas áreas acadêmicas e tecnológicas, além de uma crise de água sem precedentes e do retorno do Irã ao palco internacional, Riad tem motivos de sobra para estar se sentindo pouco à vontade, diz o analista.

"Como a religião xiita, que é uma religião muito organizada e hierarquizada, a nação multimilenar [Irã] também oferece a imagem de uma nação homogênea, estável, pragmática, disciplinada, também rica em petróleo e que, por sua vez, também forma engenheiros!", observa Lombardi, acrescentando que "para alguns, uma aliança com o Irã pode, portanto, substituir a aliança com a Arábia Saudita, cujo futuro é incerto. Os russos e, agora, os americanos, compreenderam isso. E mesmo que eles não gritem isso aos quatro ventos, os israelenses também estão bem conscientes".

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Assim, de acordo com ele, Riad bem poderia estar reconsiderando a crescente posição estratégica da Rússia no Oriente Médio. Aos olhos dos sauditas, ou pelo menos de seus atuais líderes, Moscou poderia vir a ser uma forma de contrabalançar a crescente influência iraniana na região.

Portanto, o "negócio" entre a Rússia e a Arábia Saudita parece bastante claro, afirma Lombardi. "Da parte de Riad, um aumento dos preços do petróleo, provavelmente acompanhado pela compra de armas e de seu consentimento para permitir que o presidente [sírio Bashar] Assad permaneça temporariamente no poder".

"Da parte de Moscou, mais cooperação com a Arábia Saudita na crise síria, em particular durante o período de transição política e, finalmente, uma forma de ‘direito de controle’ para os sauditas no que se refere à venda de armas para o Irã (como já é o caso com Israel)", opinou o analista.

"Certamente, o intenso balé diplomático do Kremlin e de seus diplomatas fará história nos anais das relações internacionais", conclui Lombardi.

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