Durante a entrevista coletiva do Ministério da Defesa russo de quarta-feira (2), o vice-ministro Anatoly Antonov apresentou dados de inteligência russa inclusive fotos, imagens de satélite e mapas detalhados que mostram quantidades industriais de petróleo levado dos territórios sob o controle do Daesh na Síria e no Iraque para a Turquia e depois para terceiros países.
Todavia, em vez de iniciar a sua própria investigação a mídia internacional criticou a Rússia de apresentar evidências contra a Turquia dizendo que as revelações têm caráter de confrontação e hostil.
Reação da mídia ocidental
A reação dos jornais norte-americanos The Washington Post e The New York Times se limitou a parafrasear o artigo da agência The Associated Press (AP) que acusou “os altos chefes militares da Rússia” de agravarem a situação nas relações com a Turquia com as suas acusações “violentas” apresentadas contra o presidente turco.
A reação da mídia britânica foi muito parecida. O jornal The Guardian divulgou um artigo intitulado “Rússia agrava hostilidades contra Turquia na coletiva militar” indicando sarcasticamente que “se calhar a Turquia substituiu os EUA como o inimigo retórico número 1 da Rússia”, mas não se focou em evidências reais. O The Financial Times no seu artigo disse que as revelações do Ministério da Defesa russo são somente “mais um componente da propaganda russa” após o abate do Su-24.
Reação da mídia turca
As publicações que decidiram publicar matérias sobre o tema excluíram dos seus textos aqueles trechos que, na sua opinião, são muito “violentos” para não deixar Erdogan furioso.
O jornal Hurriyet, que é considerado uma das principais publicações governamentais turcas, não reagiu de forma alguma à entrevista coletiva do Ministério da Defesa russo, publicando somente um artigo sobre a atitude norte-americana às acusações da Rússia. O silêncio sobre a entrevista provocou uma indignação entre leitores turcos. Passadas algumas horas, no site Eksi Sozluk, que é bastante popular entre os usuários turcos, foram deixados comentários sobre a censura do jornal.
Um outro jornal turco Milliyet também ignorou a coletiva. Entretanto o Milliyet bem como o Hurriyet pulicaram matérias sobre os turcomenos que morrem em resultado dos bombardeamentos russos. Há que destacar que emissoras de rádio e canais televisivos turcos seguiram o exemplo dos jornais governamentais.
Ao mesmo tempo, os jornais turcos de esquerda prestaram muita atenção às declarações do vice-ministro russo. Por exemplo, o portal de notícias SoL destacou que o Ocidente também está a par do comércio de petróleo entre a Turquia e os terroristas. Um outro jornal de caráter socialista BirGun destacou que “Erdogan que tomou a decisão de abater o avião russo confiando na OTAN se encontrou num beco sem saída”.
Tendo em conta o incidente do Su-24 russo premeditadamente abatido pelo F-16 turco parece que nem a liderança turca nem a mídia turca e ocidental podem contestar fatos evidentes das ações criminosas da Turquia.