Mídia alemã: Putin tem todas as cartas no pôquer contra a Turquia

© REUTERS / Kayhan Ozer/PoolPresidente russo Vladimir Putin na cúpula G20 na Turquia
Presidente russo Vladimir Putin na cúpula G20 na Turquia - Sputnik Brasil
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O jornal alemão Frankfurter Rundschau comparou as atuais relações turbulentas entre a Rússia e a Turquia a um jogo de pôquer em que o Presidente Putin tem todas as cartas.

A má relação entre a Turquia e a Rússia remete a um jogo de pôquer em que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, não tem nenhuma carta decente, escreveu jornal alemão Frankfurter Rundschau (FR) no domingo (6).

"Felizmente, ainda se trata apenas de palavras e sanções econômicas, como a proibição russa de importação de frutas e legumes da Turquia, que Erdogan chamou de ‘risível’", nota o autor do artigo, Frank Nordhausen.

"A ordem de Putin para os turistas deixarem de visitar a Turquia é menos divertida", continua o FR, salientando que Ancara tem poucos meios para responder as medidas da Rússia, postas em prática depois que os caças turcos derrubaram um bombardeiro russo Su-24 sobre a Síria no último dia 24 de novembro.

"Putin ainda não jogou o seu trunfo mais forte. A Turquia é dependente do gás natural russo para 54 por cento do seu abastecimento energético, e a Rússia tem o contrato para construir a primeira usina de energia atômica da Turquia", observa a publicação alemã.

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O jornal lembra que, embora ele ainda não tenha decretado novas medidas contra Ancara, o presidente russo disse que a resposta da Rússia ao ataque não vai se restringir a um boicote aos produtos e ao turismo da Turquia, e que ele espera que a Turquia peça desculpas pelo incidente. O governo turco, até agora, insiste que não vai se desculpar, alegando que o bombardeiro russo teria invadido o espaço aéreo da Turquia.

"Os europeus devem agir para ajudar a tirar Erdogan da armadilha em que ele se meteu”, prossegue o artigo. "Se o abate do Su-24 foi concebido para ser um aviso a Moscou, ele saiu pela culatra. Como disse um comentarista turco, ninguém dança com o urso russo com impunidade".

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Ainda de acordo com o FR, os temores de Ancara em relação ao quase autônomo Estado curdo na Síria, bem como no norte do Iraque, e a retaliação da Rússia ao abate de seu bombardeiro estão levando a Turquia a reforçar suas tropas em suas fronteiras, “com o dedo no gatilho".

Nordhausen adverte que uma situação tão fratricida deve ser resolvida com a ajuda das nações europeias. Atualmente, em Istambul, o escritor diz ter sido lembrado dos idos tempos imperiais na última sexta-feira (4), pela passagem de um navio russo através do Estreito de Bósforo onde um soldado mascarado estava de pé sobre o deck, equipado com um MANPAD (sistema de defesa aérea portátil), um sistema de míssil superfície-ar em seus ombros.

"Os dois países ainda não estão atirando contra os soldados uns dos outros tão frequentemente como eles fizeram durante a rivalidade secular entre os impérios Otomano e Russo. Mas o guerreiro do MANPAD no Bósforo deveria avisar a Turquia de quão pouco a separa de uma ‘guerra quente’" ressaltou o autor do artigo.

Segundo ele, as potências europeias, que deram ao presidente turco uma impressão de fraqueza devido à crise dos refugiados, devem agora se levantar e defender Ancara, a fim de evitar a escalada ainda maior da situação.

"Os europeus devem agir, no seu próprio interesse, para ajudar o presidente turco a sair da armadilha em que ele se meteu A União Europeia pode fazer isso a partir de uma posição de força, já que a Turquia é dependente dela agora mais do que nunca", opinou o jornalista.

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"Na crise de refugiados, Erdogan aprendeu que a Europa é fraca e pronta a sacrificar os valores fundamentais, como a liberdade de imprensa, o pluralismo e os direitos humanos, se o trabalho sujo for feito em troca. A crise turcorrussa é a sua oportunidade inesperada de provar que ele estava errado", concluiu Nordhausen.

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