“Os terroristas realizam estratégia que visa conquistar territórios que ficam na proximidade direta com os países vizinhos”, frisou.
Dezenas de milhares de habitantes rurais fugiram e o exército afegão engajou-se em combates diários tentando impedir avanço de terroristas.
Para saber a situação de primeira mão, a Sputnik falou com Sidiqollah Tauhidi, membro do conselho consultivo junto ao ministro do Interior do Afeganistão e um dos participantes da conferência dedicada á ameaça do Daesh que teve lugar em Moscou com participação de especialistas russos, afegãos e tadjiques.
Em primeiro lugar, o especialista apelou para não subestimar a ameaça:
“As pessoas que lutam no Afeganistão nas fileiras do Daesh não são novatos, mas sim terroristas com grande experiência. A maior parte deles são ex-talibãs que mudaram a sua posição, mas não perderam a maior parte de quantidades possuídas por militantes: destruir, desestabilizar, impor caos, devastar e matar civis”.
“Nós tememos que o Daesh possa receber apoio financeiro e afluxo de adeptos exatamente dos países da Ásia Central. Neste caso não só se tratará de facínoras que tentarão conquistar estes territórios, mas também da transformação do Afeganistão numa rota de tráfico ilegal de armas, recursos naturais e pessoas do Oriente Médio à Ásia Central. Infelizmente tal cenário escuro é real”.
Mas como o lado afegão vê o papel da Rússia nestas circunstâncias?
“A Rússia provou na Síria que luta com toda a sua força contra terrorismo. As fronteiras da Rússia da Ásia Central também estão sob ameaça de invasão terrorista. É um grande dor de cabeça para Moscou”, disse o especialista.
“… no nosso país [Afeganistão] não há tantos grupos salafistas e wahhabistas [islamistas radicais] diversos como na própria Síria, isso é um fator importante. Porque o inimigo principal é flexível e perigoso e os inimigos menores que aprecem no caminho da luta contra ele podem causar prejuízo do mesmo tamanho. Além disso, a Rússia pode lutar contra o Daesh no território do Afeganistão coordenando as suas ações com o nosso governo. Ao contrário da Síria onde apesar da presença da Rússia, EUA, Reino unido e Irã não há aproximação unida em relação a este problema. Sim, há OTAN no Afeganistão. Mas é preciso tomar em conta que do ponto de vista da geopolítica o Afeganistão não é tão ‘quente’ como a Síria, aqui [no Afeganistão] as potências mundiais têm mais chance para chegar a acordo. E a experiência da Rússia na luta antiterrorista na Síria pode ajudar no Afeganistão”.