Em uma entrevista à Sputnik, o conselheiro do presidente do parlamento iraniano em questões internacionais, Hossein Sheikholeslam, expressou a posição oficial do Irã sobre as palavras do presidente russo:
“Em primeiro lugar expressamos uma grande gratidão à Rússia e pessoalmente ao presidente Vladimir Putin pelo fato que ele não ficou impassível perante os acontecimentos e mostrou vontade de participar da resolução mais rápida da crise surgida nas relações entre os dois países, crise que não contribui para a estabilização da situação na região em geral…”.
“É preciso entender que as autoridades sauditas cometeram um crime em relação a um simples clérigo xiita pela verdade e veracidade exprimida por ele relativamente à política despótica do regime governante [na Arábia Saudita]. A represália sobre ele foi realizada sem investigação e tribunal, sem direito a um advogado, a despeito de todas as convenções e leis internacionais…”.
Sheikholeslam explicou porque isto pôde acontecer:
“O rei governante confiou todos os assuntos estatais importantes ao seu jovem e inexperiente filho que, por sua vez, tentando se afirmar como um herdeiro digno, conduz uma luta interna despótica e imprevidente… Como resultado – um conflito externo que resultou na deterioração e quase ruptura das relações diplomáticas com o Irã”.
Entretanto, segundo o parlamentar iraniano, o seus país acredita no plano russo, se este se mostrar eficaz:
“Se o respeitado presidente Vladimir Putin tiver um plano eficaz, então o Irã irá receber tal iniciativa por parte da Rússia. Porque, como se diz, é possível escolher amigos e aliados, mas não os vizinhos, os vizinhos são os países com quais é preciso coexistir”.
“O que toca à eficácia da participação da Rússia como mediador na regularização da crise surgida nas relações entre os dois países, aqui há um fator a ter em conta: o desejo das próprias autoridades da Arábia Saudita. Sem dúvida, a Rússia é um país imenso e poderoso. Ela tem relações estratégicas com o Irã e de boa parceria com a Arábia Saudita. Por isso, a Rússia pode ser um mediador eficaz e confiável na regularização desta crise. Apesar de o Iraque também manifestar a iniciativa de mediar a solução do conflito entre o Irã e a Arábia Saudita, a Rússia, contudo, tem mais chances de sucesso devido à sua influência e autoridade entre os países da região”.
As relações entre o Irã e a Arábia Saudita deterioraram após execução em 2 de janeiro de 47 pessoas por Riad, inclusive um proeminente clérigo xiita. Censurando esta ação, manifestantes saíram às ruas do Irã, o maior país xiita, e atacaram a embaixada saudita. Em resposta, Riad cortou as relações diplomáticas com Teerã.