Da sua longa história de vida, retivemos um breve momento que mostra a sua tenacidade. “Com 13 anos, fui trabalhar e estudar à noite. Dos 14 aos 16 trabalhava a pregar caixotes, e depois levava-os à fábrica num carro de burro. Fiquei célebre na Marinha Grande porque ia ao lado do burro, a andar, e a ler!”
Muitos anos depois, seria o proprietário de uma das maiores fábricas de moldes do mundo.
Foi muito crítico do governo socialista de José Sócrates (2005-2011), tendo sido um dos 28 signatários do Manifesto dos 28, em que se afirma ser um absurdo insistir em investimentos públicos de «baixa ou nula rentabilidade e com fraca criação de emprego em Portugal». Em 2013, assinou o «Manifesto pela Democratização do Regime» e, em 2014 foi também uma das 30 personalidades que subscrevem outro manifesto, intitulado «Por uma Democracia de Qualidade», propondo reformas do sistema político em Portugal.
A Sputnik entrevistou em exclusivo o candidato em Lisboa, no intervalo de duas ações de campanha.
Sputnik: Escreveu recentemente um artigo em que diz que este governo, tal como o anterior, não sabe governar. O que é que seria governar bem? Que influência um presidente pode ter para que o governo governe bem?
S: E o sistema financeiro, acha que precisa de mudanças, face às confusões que tem havido?
HN: Precisamos, para já, de sentido de responsabilidade. Quando alguém comete um erro, tem que pagar pelo erro. Quando um administrador de um banco conduz o banco à falência, tem que pagar por isso, é muito simples. Sem sentido de responsabilidade, todos nós podemos cometer os erros mais absurdos e depois dizer: “Pronto, errámos, paciência…”. Isso não pode ser assim.
S: Li há pouco tempo um artigo seu de opinião sobre os problemas da imigração e dos refugiados na Europa. Reparei que o artigo era bastante diferente do que estamos habituados a ler aqui em Portugal, fora do “politicamente correto”. Gostava que me contasse, em breves palavras, a sua ideia geral sobre este tema.
S: Já está a parar…
HN: Sim, por isso, mais vale dizermos a verdade do que andarmos a iludir os problemas. Aliás, foi a ilusão dos problemas que criou a guerra de 1939-1945. Os acordos de Munique… os “politicamente corretos” andaram a coexistir com o Hitler e, depois, tivemos uma guerra de cinco anos e milhões de mortos. Sabe, a grande diferença na Europa de hoje é a diferença entre um estadista e um burocrata. O estadista prevê, o burocrata reage.
S: E acha que temos uma Europa de burocratas?
S: Preocupa-o os imigrantes serem originários maioritariamente de países muçulmanos?
HN: Claro que sim. É que estamos a importar não um problema econômico (porque esse, enfim, teríamos que pensar como o resolveríamos) estamos a importar um problema religioso, o fanatismo religioso, e isso é intratável. A Igreja Católica, na Idade Média também era assim, fanática, mas felizmente evoluiu, e hoje temos uma Igreja Católica que coexiste perfeitamente na sociedade em que estamos inseridos. Mas o Islamismo não é assim. Eu não tenho nada contra o Islamismo a não ser o fato de não concordar com a violência e com a união entre o Estado e a religião, que é o grande problema do Islamismo.