O relatório sugere que o Daesh desenvolveu um comando de ação externa treinado para ataques ao estilo de forças especiais no ambiente internacional. As células terroristas do grupo que operam atualmente na EU, segundo a Interpol, são em grande parte "domésticas e/ou baseadas localmente".
Além disso, a análise de inteligência sugere que o Daesh pode usar a crise dos refugiados na Europa para avançar no continente.
"… Não há provas concretas de que viajantes terroristas utilizem sistematicamente o fluxo de refugiados para entrarem despercebidos na Europa. Um perigo real e iminente, no entanto, é a possibilidade de elementos da diáspora de refugiados sírios (sunitas) se tornarem vulneráveis à radicalização uma vez na Europa, sendo especificamente alvejados por recrutadores islâmicos extremistas", diz o relatório.
A Europol acredita que há campos de treinamento na UE e nos países dos Balcãs, onde técnicas de sobrevivência são ensinadas por recrutadores do Daesh para testar a aptidão e a determinação de membros aspirantes. A agência afirma ainda que atividades esportivas têm sido usadas para treinamento de combate e de resistência a interrogatórios.
Ponto de virada
Fontes de serviços de inteligência disseram à Sputnik que os ataques foram importantes por dois motivos. Em primeiro lugar, eles se assemelharam aos de Mumbai em 2008, em termos do modus operandi, dos alvos escolhidos, do número de atacantes e do impacto gerado. Em segundo lugar, havia três grupos de atacantes, entre eles aqueles nascidos e criados na França e os combatentes estrangeiros que regressaram ao país após temporadas no exterior.
"O método estilo-Mumbai de atacar alvos em um país europeu [era] inédito para o Estado Islâmico [Daesh]. Em combinação com o bombardeio de um avião russo no Egito em 31 de outubro de 2015, também reivindicado pelo Estado Islâmico, e outros ataques em Suruc e Ancara (Turquia), Beirute e Bagdá, e sem um objetivo evidente de retaliação imediata – os ataques de Paris parecem ser parte de uma estratégia mais ampla do Estado Islâmico [em direção a um nível] global, e especificamente atacando a França, mas possivelmente mais Estados-Membros da UE em um futuro próximo", adverte o relatório da Europol.