Sobre o Plano Colômbia, a especialista Flávia Seidel, do Curso de Defesa e Gestão Estratégica Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, considera que, para efeitos externos, os objetivos do Plano eram exatamente aqueles propostos, mas, na prática, transformaram-se em intensa repressão contra os integrantes das FARC e, por extensão, acabaram vitimando camponeses e produtores rurais.
Segundo a Professora Flávia Seidel, a fumigação das plantações de coca feitas pelo Plano Colômbia acabou atingindo outras áreas de plantio, privando camponeses e produtores rurais de sua principal fonte de renda e subsistência.
Flávia Seidl lembra que o Plano foi muito criticado internacionalmente por suas violações de direitos humanos, os deslocamentos e desaparecimentos forçados, a questão dos “falsos positivos”, a incitação à guerra e ao ódio, a polarização que provocou durante os 15 anos em que está funcionando.
“Na questão do narcotráfico já sabemos que não houve êxito. Houve momentos de pico, em que o narcotráfico piorou muito, evoluiu, e momentos em que diminuiu um pouco. Eles [os agentes do Plano Colômbia] trabalharam muito com a retirada de plantas, manualmente e também com fumigações aéreas. Então, muitas famílias, principalmente camponeses, tiveram suas plantações de outros produtos, e até mesmo a plantação milenar da coca na região, destruídas com a aspersão de glifosato. As fumigações aéreas acabaram com as culturas das plantas para a produção de drogas e também com outros cultivos que foram destruídos, e a vida das pessoas, social, econômica e até na questão da saúde, foi bastante prejudicada.”
“O caso dos ‘falsos positivos’ foi um escândalo nacional e internacional, porque aqueles rapazes nada mais eram que meninos que viviam com suas famílias de baixa renda e eram supostamente recrutados. No recrutamento, eram mortos e ‘confundidos’ com guerrilheiros.”