Paulo César Amêndola acredita que os efetivos determinados para o patrulhamento dos Jogos são satisfatórios, com agentes qualificados para esse tipo de ação. “O efetivo que vai atuar na segurança é bem expressivo, muito bem dimensionado pelos planejadores. Eu creio realmente que vai funcionar muito bem com este número. Nós já temos experiência aqui no Brasil de cobertura de grandes eventos envolvendo efetivos militares e policiais, tipo Copa do Mundo, em que deu tudo certo.”
“O Brasil trouxe farto material informativo dos eventos em Londres e na Rússia, e o material deu lastro para efetuar esse planejamento muito bem elaborado, detalhado, prevendo todas as possibilidades de ocorrências, inclusive até na possibilidade, que pode ser pequena mas foi considerada também no planejamento, que é a questão de atos de terrorismo e a ação reativa.”
Já o especialista em Segurança Pública e ex-oficial do Batalhão de Operações Especiais da PM-RJ, Paulo Storani, pensa que o megaefetivo policial mostra que o Brasil não investe em segurança preventiva. “Essa é a resposta brasileira, quando você não investe em tecnologia e em prevenção. É você atuar na resposta, na reação a um fato.”
“A ocupação de território é uma filosofia eminentemente militar, onde se previne o problema, diminuindo a oportunidade do acontecimento. Estamos falando de delitos em que possam ocorrer grandes concentrações de pessoas, como esses grandes eventos. Contudo, a grande ameaça é terrorista, que muitas vezes se vale da concentração de pessoas para que a pessoa que for perpetrar o ato terrorista possa dissimular, se perder na massa e acabar alcançando o seu objetivo. E aí, sim, você vai ter uma resposta por parte dos 85 mil homens.”
Paulo Storani afirma de modo crítico que essa mobilização e o acompanhamento do terrorismo já deveriam estar sendo feitos desde os Jogos de Londres, em 2012. “Mas se apenas se mobilizar em julho, um mês antes, você pode ter certeza de que não vão conseguir identificar células terroristas e movimentação de recursos financeiros, de materiais e de pessoas que possam realizar um atentado terrorista, e esse é o grande risco.”
“Como não temos uma legislação sobre isso, eu creio que agentes da Polícia Federal já deveriam estar acompanhando a organização dos Jogos de Londres, estarem lá no momento em que aconteceu. E ao término, com todo o conhecimento da inteligência que foi montada, deveriam dar continuidade a um processo, com a criação no Rio de Janeiro ou em Brasília de um escritório para monitoramento desse movimento, a ligação com os serviços de inteligência dos países que colaboraram com Londres, para que nesse momento se conheçam exatamente as possíveis ameaças em um evento como esse.”