Curdistão independente: 'Esperamos que a Rússia apoie nosso referendo'

© AFP 2023 / SAFIN HAMEDMoças curdas seguram a bandeira da Curdistão iraquiano na cidade de Arbil
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Membro do Politburo do Partido Democrático do Curdistão (KDP) da autonomia curda no norte do Iraque, Ali Avni falou à Sputnik em uma entrevista exclusiva sobre os planos dos curdos de realizar um referendo para a criação de um Curdistão independente.

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"Ao longo de sua história, os curdos estão constantemente enfrentando a violação dos seus direitos. De acordo com o Tratado de Lausanne, o território curdo foi dividido em quatro partes, com o resultado de que durante o último século eles foram forçados a viver sem seu próprio Estado, travando uma luta constante para defender a sua identidade nacional, defendendo o direito de falar na sua língua materna", explicou o político.

"Este período difícil da luta pela sobrevivência durou por muito tempo, mas está chegando ao fim agora. Os curdos não vão mais permitir que qualquer pessoa atropele os seus direitos. Eles já não querem viver sob a soberania de outros países e outros povos", acresentou.

Há forças que não querem a formação de um Curdistão independente, segundo disse Avni, mencionando países como Irã, Iraque, Síria e Turquia. Apesar disso, ele ressaltou que os curdos nunca atacaram nenhum país nem infringiram os direitos de ninguém. 

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"Este ano vamos realizar um referendo sobre a independência do Curdistão; atualmente as providências necessárias estão sendo tomadas. Estamos convencidos de que nosso povo quer estabelecer um Estado curdo independente. De acordo com nossas estimativas, este evento é iminente. Acreditamos que árabes, turcos e iranianos são nossos irmãos. Eles são nossos vizinhos, com os quais nós não queremos brigar. Defendemos um Curdistão independente através do diálogo pacífico, em vez de apelar ao derramamento de sangue, ao ódio e à guerra", ressaltou Avni à Sputnik.

Ele disse ainda que os curdos estão à espera do apoio de muitos países para a realização do pleito popular, principalmente dos EUA e da Rússia.

"Ao longo da história, a Rússia tem demonstrado uma atitude acolhedora e amigável para com o povo curdo. Quando, na região curda, a literatura e a cultura curdas foram proibidas, na Rússia os maiores escritores e poetas curdos eram livres para criar. A Rússia tem apoiado e contribuído para o desenvolvimento da cultura do povo curdo. Muitos curdos foram educados na Rússia. Esperamos que a Rússia nos apoie em um esforço para realizar um referendo e nos ajude na criação de um Curdistão independente".

Falando sobre a crise econômica que os curdos estão enfrentando no momento, o político enumerou uma série de fatores por trás da conjuntura.

"O preço do petróleo caiu. Além do petróleo, não temos outras fontes importantes de renda. Por exemplo, a agricultura em nossa região não é ajustada adequadamente. Devemos reconhecer que nosso sistema econômico tem sérias deficiências e problemas. Além disso, a guerra com o [grupo terrorista] Daesh teve um impacto muito negativo sobre a nossa economia. Uma parte significativa do orçamento é gasto em ações militares contra os jihadistas", pontuou Avni.

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Ele observou ainda que o embargo imposto pelo governo iraquiano é extremamente prejudicial para os curdos. O Iraque deve alocar 17% do orçamento do país para a região curda. "Na prática, isso não está acontecendo. Nós não recebemos qualquer pagamento. A partir de 2013 até a presente data, os 17% do orçamento estabelecido, as alocações do governo iraquiano ficaram a menos de 10%", afirmou o político.

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