Militares turcos queimaram vivos 150 curdos na província de Sirnak, diz deputada

© AFP 2023 / MUSTAFA OZER Soldados turcos patrulham uma rodovia na província de Sirnak, de população majoritariamente curda
Soldados turcos patrulham uma rodovia na província de Sirnak, de população majoritariamente curda - Sputnik Brasil
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A deputada yazidi Feleknas Uca, do Partido Democrata dos Povos (HDP), de orientação pró-curda na Turquia, relatou à Sputnik uma série de atrocidades cometidas pelos militares turcos na província de Sirnak (sudeste do país), entre elas o massacre de 150 pessoas supostamente queimadas vivas em porões de edifícios no distrito de Cizre.

"No distrito de Cizre em Sirnak, cerca de 150 pessoas foram queimadas vivas em diferentes edifícios por parte das forças militares turcas. Alguns cadáveres foram encontrados sem cabeças. Alguns foram completamente queimados, de modo que a autópsia não é possível", disse Uca à Sputnik na quinta-feira (18), acrescentando que todos os mortos eram da etnia curda.

Ela não forneceu provas das acusações, mas advertiu que outras 200 pessoas permanecem presas no interior de edifícios em toda a região sudeste da Turquia.

"A situação em Diyarbakir é terrível. Seu distrito de Sur está vendo seu 79º dia de toque de recolher. Duzentas pessoas ficaram presas em porões e as forças especiais da Turquia se recusam a resgatá-las", disse a deputada.

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Desde julho do ano passado, quando teve fim um cessar-fogo que vigorava há dois anos, as forças de segurança turcas vêm executando uma operação militar nas províncias do sudeste do país contra os membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), organização tachada como terrorista por Ancara. 

Dezenas de civis continuam presos em porões no distrito de Cizre. A província de Sirnak, que faz fronteira com a Síria e o Iraque, tem população majoritariamente curda. Apesar do anúncio oficial de que a operação militar foi concluída na semana passada, o toque de recolher continua em vigor.

Os relatórios sobre o massacre de Cizre surgiram pela primeira vez no início desta semana, quando a agência de notícias ANHA relatou a descoberta de 115 corpos tão gravemente queimados que os parentes das vítimas só conseguiram identificar 10 delas. De acordo a agência, foram tomadas amostras de DNA para identificar o restante dos cadáveres.

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As relações entre Ancara e os curdos, tanto dentro do país quanto na Síria, têm piorado progressivamente nos últimos meses. As tensões aumentaram em julho de 2015, depois que 33 ativistas curdos foram mortos em um ataque suicida no distrito de Suruc, e de dois policiais turcos terem sido posteriormente assassinados pelo PKK, o que levou à campanha militar de Ancara contra o grupo.

A violência se intensificou ainda mais em dezembro, quando as autoridades turcas declararam um toque de recolher em várias regiões do sudeste do país.

​Em janeiro, as forças turcas atacaram posições das Unidades de Proteção Popular (YPG) na Síria, dizendo que a milícia curda no país vizinho constitui um grupo terrorista que ameaçaria a segurança da Turquia. Segundo Ancara, os curdos sírios são ligados ao PKK.

Turkish soldiers hold their positions with their artillery pieces, bottom, on a hilltop in the outskirts of Suruc, at the Turkey-Syria border, overlooking Kobani, Syria, background, during fighting between Syrian Kurds and the militants of Islamic State group, Thursday, Oct. 16, 2014 - Sputnik Brasil
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As autoridades turcas também foram rápidas em culpar organizações curdas pelo atentado terrorista de quarta-feira (17) que matou 28 pessoas e deixou 61 feridos na capital, Ancara.

Feleknas Uca, descendente de uma família de imigrantes curdos yazidis na Alemanha, integrou o Parlamento Europeu entre 1999 e 2009 pelo partido de esquerda Die Linke. Durante esse tempo, ela manteve ligações estreitas com grupos nacionalistas curdos na Turquia e, em 2014, se mudou definitivamente para Diyarbakir, uma das maiores cidades no sudeste do país.


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