"No distrito de Cizre em Sirnak, cerca de 150 pessoas foram queimadas vivas em diferentes edifícios por parte das forças militares turcas. Alguns cadáveres foram encontrados sem cabeças. Alguns foram completamente queimados, de modo que a autópsia não é possível", disse Uca à Sputnik na quinta-feira (18), acrescentando que todos os mortos eram da etnia curda.
Ela não forneceu provas das acusações, mas advertiu que outras 200 pessoas permanecem presas no interior de edifícios em toda a região sudeste da Turquia.
"A situação em Diyarbakir é terrível. Seu distrito de Sur está vendo seu 79º dia de toque de recolher. Duzentas pessoas ficaram presas em porões e as forças especiais da Turquia se recusam a resgatá-las", disse a deputada.
Dezenas de civis continuam presos em porões no distrito de Cizre. A província de Sirnak, que faz fronteira com a Síria e o Iraque, tem população majoritariamente curda. Apesar do anúncio oficial de que a operação militar foi concluída na semana passada, o toque de recolher continua em vigor.
Os relatórios sobre o massacre de Cizre surgiram pela primeira vez no início desta semana, quando a agência de notícias ANHA relatou a descoberta de 115 corpos tão gravemente queimados que os parentes das vítimas só conseguiram identificar 10 delas. De acordo a agência, foram tomadas amostras de DNA para identificar o restante dos cadáveres.
A violência se intensificou ainda mais em dezembro, quando as autoridades turcas declararam um toque de recolher em várias regiões do sudeste do país.
Turkish forces deploy more tanks to Kurdish City of Diyarbakir today. Curfew in Sur today 52th day. pic.twitter.com/aQLVfLXhT3
— Feleknas Uca (@Feleknasuca) 22 janeiro 2016
Em janeiro, as forças turcas atacaram posições das Unidades de Proteção Popular (YPG) na Síria, dizendo que a milícia curda no país vizinho constitui um grupo terrorista que ameaçaria a segurança da Turquia. Segundo Ancara, os curdos sírios são ligados ao PKK.
Feleknas Uca, descendente de uma família de imigrantes curdos yazidis na Alemanha, integrou o Parlamento Europeu entre 1999 e 2009 pelo partido de esquerda Die Linke. Durante esse tempo, ela manteve ligações estreitas com grupos nacionalistas curdos na Turquia e, em 2014, se mudou definitivamente para Diyarbakir, uma das maiores cidades no sudeste do país.